A convite da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e da Comissão Fulbright Brasil, organização internacional vinculada aos governos do Brasil e dos Estados Unidos, a UEM (Universidade Estadual de Maringá) começou a integrar o Laboratório de Internacionalização do Conselho Americano de Educação. Trata-se de um passo para implementar um programa que abrange iniciativas para tornar a universidade internacional.

UEM terá consultoria de Conselho Americano de Educação por 18 meses para formulação do plano de internacionalização
UEM terá consultoria de Conselho Americano de Educação por 18 meses para formulação do plano de internacionalização | Foto: ASC/UEM

A internacionalização envolve parcerias com instituições de ensino estrangeiras. A proposta é recente. No ano passado, a Capes estabeleceu uma nova política para projetos de financiamento de estudos em parcerias com instituições de fora do País. Os convênios de pós-graduação, antes oferecidos a cursos específicos, poderão contemplar a universidade toda. A própria instituição pode se preparar para ser internacional, mostrando planos estratégicos e distribuindo as vagas em editais internos.

No começo de outubro, a UEM recebeu o First UEM International Meeting (1º Encontro Internacional da UEM) para debater o processo de internacionalização das universidades brasileiras. Sandra Schiavi, assessora do ECI (Escritório de Cooperação Internacional) da UEM, explica que o projeto do Laboratório do Conselho Americano oferece a possibilidade de desenvolvimento de um plano de internacionalização estruturado. Caberá ao Conselho Americano de Educação a consultoria e assistência à UEM ao longo de 18 meses para construir o plano.

“Isso vai envolver viagens nossas para lá, visitas deles aqui. É um trabalho de consultoria em planejamento estratégico para a internacionalização. A UEM tem o mérito de ter sido selecionada para fazer parte dessa formação com o financiamento da Capes”, afirma. A Capes é o órgão vinculado ao MEC (Ministério da Educação) que responde por programas de pós-graduação em nível nacional.

A UEM é a terceira universidade do País a integrar o laboratório de internacionalização, junto com a UFG (Universidade Federal de Goiás) e a UFPA (Universidade Federal do Pará). “A UEM é a única estadual e o nosso modelo poderá ser apresentado para outras estaduais”, complementa. Para a seleção, a Capes utilizou os critérios de “potencial de internacionalização” e “empenho da pesquisa em pós-graduação”, conforme Schiavi.

Internacionalizar uma universidade significa não apenas a mobilidade acadêmica, como a ida e vinda de estudantes e professores, mas parcerias por meio da internet. “Quando, por exemplo, um professor apresenta uma palestra por meio de webconferência, ele traz a realidade do país dele, discute a metodologia de pesquisa e de ensino que ele adota lá ou apresenta uma forma diferente, uma dinâmica diferente de ensinar. Coloca a comunidade acadêmica em contato com coisas que acontecem lá fora. Posso internacionalizar alunos que nunca saíram da minha universidade”, explica.

Nisso está o grande potencial das universidades brasileiras: internacionalizar em casa, conforme conta a assessora. Quando uma pesquisa, como um artigo científico, é feito com a colaboração de acadêmicos estrangeiros, isso possibilita ampliar visões de mundo. "Elas terão que aprender a pensar diferente e ver como os problemas do mundo são levados para aquela pesquisa, não apenas o problema de sua região. Aprendem a discutir aquele problema de maneira diferente. Expande a formação do aluno para uma formação de cidadão do mundo sem que ele precise viajar. São esses aspectos que vamos viver como comunidade nos próximos 18 meses”, conta.

A internacionalização da UEM já acontece de maneira pontual, com programas de pesquisa. A universidade tem acordos formais de cooperação internacional (vigentes ou em negociação) com 156 universidades em 34 países diferentes. Com o plano estratégico, a ideia é que cada curso desenvolva objetivos alinhados à estratégia da instituição.

UEL

A UEL (Universidade Estadual de Londrina) também trabalha com planos institucionais para a internacionalização. A instituição tem 128 acordos internacionais, com 70 universidades de 28 países. Segundo Fábio Pitta, assessor de relações internacionais da UEL, esses acordos poucas vezes envolvem contrapartida financeira como bolsas de estudo. O benefício é que isentam de taxas. “É natural que o aluno que venha estudar aqui não tenha taxa porque a universidade é gratuita, mas no exterior a maioria tem taxas altíssimas”, ressalta.

A UEL publica dois editais por ano ofertando vagas, e os interessados passam por processo de seleção. Os acordos internacionais possibilitam a mobilidade de estudantes e professores e pesquisas conjuntas. Segundo Pitta, a UEL tem centenas de colaborações científicas publicadas com estrangeiros. “Também consideramos internacionalizar nossa própria casa. Existem iniciativas dentro da UEL para torná-la internacional dentro do nosso quintal, como receber os estrangeiros e atividades sociais. Passa muito pela oferta de cursos de línguas, pois prepara os indivíduos para essa experiência internacional.”