O final do ensino médio pode significar um período de angústia e apreensão entre os adolescentes. A escolha do próximo passo, agora na universidade, gera incertezas. Quando professores, pais ou pessoas próximas aos jovens percebem que há dificuldade em definir qual carreira seguir, é necessário procurar ajuda profissional.

Diante da infinidade de profissões existentes hoje no mercado de trabalho, o auxílio especializado permite direcionar áreas de afinidade e carreiras possíveis. A psicóloga clínica Cibely Pacifico, especialista em neuropsicologia, explica que o processo de orientação envolve autoconhecimento por meio de uma série de ferramentas que vão muito além de um simples questionário.

Primeiro temos que entender o contexto em que esse jovem está inserido e como é a história de vida dele. Para isso fazemos entrevistas, atividades e testes para direcionar a questão da maturidade profissional e as áreas de interesse. No final desse processo vamos ter algumas possibilidades de profissões. São vários encontros. O jovem precisa parar e analisar o assunto”, explica a psicóloga.

A pressão para que os jovens definam a carreira profissional em torno dos 18 anos de idade pode até desmotivar a continuidade dos estudos. Pacifico alerta que a escolha deve ser feita de forma tranquila e autônoma, estimulando pesquisas e conversas sobre as várias opções presentes no mercado de trabalho.

Por conta dessa pressão, alguns jovens acabam definindo o curso aleatoriamente e se arrependem no meio da graduação. Acaba ficando muito custoso seguir e, às vezes, eles não conseguem terminar e abandonam os estudos ou, se continuam, desenvolvem ansiedade muito forte e até depressão”, aponta.

Os pais ou responsáveis também precisam controlar a ansiedade. O psicólogo Edgar Pereira Junior, mestre em educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e integrante da Abop (Associação Brasileira de Orientação Profissional), ressalta que as gerações apresentam diferentes visões sobre o mercado de trabalho.

Hoje quando um adolescente diz que tem interesse em desenvolver software para games ou aplicativos de celular, isso pode parecer estranho. As pessoas podem se perguntar: ‘Mas vai ter campo de trabalho para isso? Como vai ser a renda mensal?’. Por outro lado, pode ser uma área com um mercado de trabalho mais amplo do que para um profissional formado em cursos considerados mais tradicionais”, comenta Pereira Junior.

A orientação profissional, segundo ele, pode ocorrer em qualquer fase da vida, desde a infância com apresentação do conceito de trabalho por meio das mais diversas profissões. “Com o público adolescente essa procura é mais tradicional na época do pré-vestibular, mas é possível trabalhar também com universitários para pensar na transição da universidade para o mercado de trabalho, com adultos em fase de reorientação ou transição de carreira para a tomada de novas decisões e até na preparação para a aposentadoria”, detalha.

Embora seja necessário definir o curso para dar início ao ensino superior, Pereira Junior reforça que a escolha não precisa ser definitiva. “Há uma tendência de mudança nas profissões ao longo dos anos. Por isso não se pode escolher uma profissão para toda a vida. Daqui a 10 ou 15 anos, o mercado de trabalho estará diferente e você terá que tomar novas decisões para aquele momento”, conclui o psicólogo.