De portas ainda mais abertas para alunos do ensino médio

No segundo semestre deste ano, Enzo Ryodi Sato, 17, vai ter contato com um conteúdo que, em princípio, nada tem a ver com o curso que escolheu na UEM (Universidade Estadual de Maringá). Já aprovado no vestibular de inverno em Física, o estudante do terceiro ano do ensino médio do CAP (Colégio de Aplicação Pedagógica) da própria UEM vai dividir a sala de aula com alunos regulares da graduação em Artes Visuais.

A disciplina - Produções Artísticas: Pintura I - foi a que mais o interessou dentre as que foram colocadas à disposição pelos professores da Universidade no projeto “Conexão UEM - Ensino Médio”, que começou nesta segunda-feira (9) com uma reunião para incentivar os alunos a participarem como ouvintes da vida acadêmica.

“Na verdade eu fui pensando em cálculo, alguma coisa assim, já que eu passei em Física, mas tinha muito poucas disciplinas. Então o que mais me interessou foi pintura”, explicou.

A alternativa para “casar” os conteúdos é admirar uma obra de arte por meio de conceitos como entropia, grandeza termodinâmica da Física associada ao grau de desordem ou aleatoriedade de um sistema, por exemplo.

Através da iniciativa, 50 alunos de escolas públicas poderão assistir aulas na UEM no contraturno escolar. Além do CAP, alunos das escolas estaduais Doutor Gastão Vidigal e Thomaz Edson de Andrade Vieira de Maringá também devem participar.

A única condição trazida pela UEM é não abandonarem as aulas após o término do ano letivo do ensino médio, uma vez que, em função da greve deste ano, as aulas na UEM avançarão até janeiro de 2020. Desta forma, será exigida frequência mínima de 75% nas aulas para obterem um certificado.

De acordo com a pró-reitora de ensino da UEM, Leila Pessôa da Costa, os alunos do ensino médio serão convidados a produzir relatórios mensais com as impressões sobre a experiência na graduação. “Eles não vão ser avaliados por meio de provas ou seminários, este não é o objetivo”, afirmou.

A ideia surgiu de uma sugestão feita por um professor da UEM que também é pesquisador na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, onde a proposta é mais difundida. “Isso pode nos dar um material bastante interessante para sabermos como estamos fazendo o acolhimento dos alunos e, por outro lado, até repensarmos essa questão da carreira para que seja algo ainda mais produtivo”, avaliou.

Outro ponto positivo destacado pela pró-reitora é que a convivência entre os alunos e a proximidade com os professores no campus os ajudará na escolha do curso, reduzindo a evasão. “Pensamos que poderia ser uma alternativa interessante para a escola pública, para que eles conheçam a universidade e também para que tenham essa sensação de continuidade na vida acadêmica.”

Quem também vai aproveitar a oportunidade é Jennifer Miranda Santana, 17. Já aprovada em Ciências Econômicas na UEM, Santana escolheu uma disciplina do curso de Ciências Sociais que analisa o pensamento do filósofo alemão Karl Marx.

“No ensino fundamental eu fui gostando muito da questão histórica, comecei a ter interesse por política e me envolvi com o movimento estudantil. Acho que o curso vai somar muito para mim, vai ser muito mais importante do que fazer uma viagem nas férias”, comemorou.

Além das Ciências Sociais, Artes e Comunicação, disciplinas dos cursos de Educação Física, Administração, Medicina, Psicologia, Odontologia e Enfermagem também devem abrir as portas para os futuros graduandos.

Atualmente o regimento da UEL (Universidade Estadual de Londrina) não permite a presença de alunos não matriculados em salas de aula. No entanto, diversos projetos de extensão buscam aproximar a comunidade e os estudantes dos ensinos fundamental e médio.

Questionada, a Pró-Reitoria de Graduação da UEL informou que está ciente do projeto da UEM e que deve buscar abrir caminhos para a implementação de uma iniciativa do tipo.