A General Mills anunciou na manhã de segunda-feira (9) que irá encerrar as atividades em Cambará, no Norte Pioneiro. O anúncio foi feito por representantes da empresa e ocorreu de forma simultânea em reunião realizada na Prefeitura do Município e na fábrica, para os funcionários da unidade. A empresa é detentora de marcas como Yoki, Kitano, Häagen Dazs, entre outras. A empresa adquiriu a Yoki Alimentos em 2012 e se dedicou a produzir batatas, amendoim, embalagens e logística. O argumento da empresa é a reestruturação de parte de suas operações no Brasil, transferindo as atividades da unidade de Cambará para a sua planta em Pouso Alegre (MG). O encerramento está previsto para dezembro deste ano.

“Para minimizar os impactos desta decisão, a empresa já iniciou as negociações com os sindicatos de classe buscando oferecer, além das verbas rescisórias legais, um justo pacote de desligamento, com bônus de salários, extensão de benefícios - como vale-alimentação e assistência médica, além de incentivo extra por performance ao longo dos próximos meses, até o encerramento das atividades nesta unidade.”

A empresa também vai oferecer uma consultoria com orientações para recolocação profissional, além de ofertar oportunidades de transferência para colaboradores que tenham interesse em trabalhar em Pouso Alegre (MG).

“A General Mills reitera que é uma decisão de negócios, e não está relacionada ao poder público ou à comunidade local. A ação visa tornar a atuação da companhia ainda mais eficiente e produtiva, com o objetivo de oferecer melhor nível de serviço a todos os clientes”, diz a nota encaminhada à Folha. A reportagem tentou entrevistar alguém da empresa , mas a assessoria de imprensa disse que a General Mills não está concedendo entrevistas sobre o tema.

A Secretária Municipal de Indústria, Comércio, Turismo, Agronegócio e Inovação de Cambará, Angélica Cristina Cordeiro Moreira, ressaltou que perguntou se haveria alguma possibilidade de permanência ou prorrogação dessa decisão. “Perguntamos se havia necessidade de mais área ou algum outro tipo de incentivo fiscal e eles disseram que a decisão já havia sido pensada por muito tempo e que estrategicamente não seria viável permanecer na nossa região”, declarou.

A unidade possui 700 funcionários contratados diretamente e outros 300 terceirizados. Moreira avalia que o impacto irá além, já que a fábrica movimentava a cidade, por meio do comércio, da hospedagem e da alimentação de caminhoneiros, vendedores e outras pessoas que faziam negócio com a empresa. Ela calculou que só de arrecadação a prefeitura irá deixar de receber R$ 3 milhões por mês de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). “Fora isso há outros impactos como a questão social. Imagine o alvoroço no município e o abalo psicológico dos 700 funcionários.” Ela reforçou que o impacto atingirá não só o município, mas toda a região.

Ela relatou que o sinal de alerta acendeu no ano passado, quando a General Mills fez uma mudança na parte de logística. A unidade de Cambará não fazia mais varejo e só mandava para exportação e isso acarretou impacto no setor de transporte de Cambará, que foi terceirizado”, relembrou.

A unidade fabril possui 42 anos de história no município e começou com a Indemil, que posteriormente foi adquirida pela Yoki. “A Yoki formou várias linhas de produtos, e foi só se expandindo, até que foi vendida para a General Mills, em 2012”, apontou Moreira. A GM teria se comprometido a continuar comprando os insumos dos produtores da unidade de Cambará.

OUTRAS EMPRESAS

Questionada se havia a possibilidade de outra empresa se instalar no mesmo local, para aproveitar a estrutura, a secretária relatou que não houve interesse da empresa em deixar valores para uma possível venda e que, se houvesse interessados, a orientação foi para que se repassasse o contato diretamente para a empresa, para que ela avaliasse a possibilidade de realizar o negócio ou não. A Secretária também disse que há a possibilidade de outra empresa se instalar na cidade, mas que essa nova empresa teria a expectativa de contratar 200 funcionários, menos da metade que o número de desligamentos previstos pela GM.

Embora o fim da indústria na cidade esteja previsto para dezembro, Moreira acredita que antes disso os desligamentos já sejam concretizados. “Acredito que até junho eles encerrem as atividades por aqui. A gente tem até esse período para tentar conseguir a recolocação dessas pessoas, para que elas tenham autossuficiência, porque será difícil elas conseguirem o salário que recebiam por lá”, destacou.

Ela espera que o Governo do Estado do Paraná auxilie por intermédio de leis de incentivos fiscais e de programas que intermedeiem a vinda de novas empresas a Cambará. Também pede apoio para a reabilitação dessas pessoas ligadas a essa multinacional, por meio de incentivos ao pequeno empresário. “O número de postos de trabalho gerados por esses incentivos não é grande, mas esses pequenos empreendimentos podem auxiliar nessa recuperação.”

A reportagem tentou entrar em contato com o presidente do Sintrifaal (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Açúcar e Alimentação de Jacarezinho e Região), responsável pelas negociações sindicais no setor, mas não obteve resposta.

A Acec (Associação Comercial e Empresarial de Cambará) também foi procurada, mas também não retornou o pedido de entrevista.

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