Imagem ilustrativa da imagem Visto como investimento, consórcio de imóveis cresce no Paraná
| Foto: Marcos Zanutto/10-10-2019

Considerada há algumas décadas uma espécie de poupança compulsória, os consórcios ganham nova aparência na segunda metade da década de 2010, quando o crédito ficou escasso e mais caro. A modalidade passou a ser mais utilizada por quem pensa em adquirir o primeiro imóvel, mas também uma opção de investimento para quem já tem a casa própria ou mais imóveis e o Paraná desponta como um dos principais tomadores da modalidade.

A compra de cartas de créditos cresceu 29,3% nos nove primeiros meses de 2019, atingindo R$ 34,5 bilhões comercializados, segundo a Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). O Paraná foi segundo Estado com maior volume de movimentações, com cerca de 17 mil cotas vendidas no primeiro semestre de 2019. Entre junho de 2018 e junho de 2019, o Paraná registrou um crescimento de 26,3% no número de consorciados.

O consórcio é a modalidade em que um grupo de pessoas se organiza e cada um paga uma parcela por mês a uma administradora e as finalidades vão desde a aquisição de uma casa ou um carro até viagens, por exemplo. No período contratado, a pessoa pode ser sorteada com o valor de crédito para adquirir o bem ou serviço ou, se tiver recursos guardados, pode oferecer um valor como lance e aumentar as chances de ser sorteado.

O consórcio de imóveis teve um avanço a partir de 2014, quando o cenário econômico brasileiro mudou e o crédito ficou mais escasso e caro. “Todo este cenário econômico tem ajudado o mercado de consórcio imobiliário. Quando a oferta de crédito é restrita, a pessoa busca outra forma de adquirir imóveis”, explica o especialista em imóveis da Ademilar Consórcios Rodrigo Trevisan.

A modalidade tem outra vantagem em relação aos financiamentos: as parcelas não têm juros, apenas uma taxa de administração. "Se colocar na ponta do lápis, o consórcio tem se destacado bastante", diz.

MUDANÇA DE PERFIL

Segundo Trevisan, o consócio imobiliário passou a ser visto como uma possibilidade de investimento porque permite investir em imóveis a um custo baixo. “Por muito tempo, não foi dada a devida atenção a ele. O perfil mudou do mero formato de contemplação por sorteio ou lance e, além de ser interessante para quem não consegue comprar o imóvel à vista, também pode ser para investidores que encontram uma forma mais interessante e barata de investir em imóveis.”

Para atrair os investidores, a empresa trocou os vendedores por consultores, que analisam as necessidades do cliente para oferecer as opções mais interessantes, até mesmo para quem tem capital para adquirir o imóvel à vista. “Nós mostramos a esta pessoa que, se entrar no consórcio e aplicar os recursos no mercado financeiro, é possível ter rentabilidade que cubra o valor da parcela. Assim, provamos na prática que o imóvel consumiria 30% ou 40% dos recursos que efetivamente consumiria”, exemplifica.

Dono de uma empresa de prestação de serviços em Cornélio Procópio, o advogado Paulo Sérgio da Silva firmou seu primeiro contrato de consórcio mirando em um investimento há cerca de um mês e meio. "É uma modalidade de investimento que eu nao conhecia e o que me chamou a atenção foi a possibilidade de fazer o investimento apartir de um valor mensal relativamente baixo”, justifica o advogado e empresário.

Ele fez dez contratos para cartas de créditos variados, entre R$ 150 mil e R$ 330 mi, com prazo de 240 meses. Já no primeiro sorteio, teve uma carta contemplada.

Silva pretende, por meio deste investimento, levantar capital para injetar na própria empresa e, também, formar um patrimônio. A escolha foi pela simplicidade e pela garantia de retorno do ativo. “Eu mantenho uma poupança, mas não considero investimento, utilizo apenas para ter um valor com fácil acesso em caso de necessidade. Também já busquei estudar o mercado de ações, mas, a meu ver, é muito complexo e minha atividades não permitem que eu me aprofunde nisso.”

Professor do Departamento de Economia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Sidnei Pereira do Nascimento aponta que o consórcio pode ser mais atraente que os financiamentos habitacionais pela possibilidade de pagar parcelas mais baratas e poder dar lances para obter a carta de crédito antes do fim do prazo. Por outro lado, embora existam juros sobre as parcelas e seja necessário ter o dinheiro para a entrada, o financiamento permite obter o imóvel de imediato.

Nascimento também avalia que, em caso de a pessoa ter dinheiro para aquisição de um imóvel à vista, o consórcio também pode ser vantajoso enquanto estes recursos são aplicados em outra modalidade de investimento. “Por trás desta visão está o fato de que qualquer financiamento tem um custo mais alto devido aos juros, enquanto o consórcio só tem a taxa de administração. Então, vale mais a pena usar os recursos para capitalizar", explica.