Vendaval na Nasdaq: em
cinco dias, perda de 25%
Colapso e perdas históricas foram as frases que definiram a maior queda nas Bolsas de Valores norte-americanas em número de pontos – isto é, em dinheiro. Tanto o índice Dow Jones, das empresas da velha economia, como o Nasdaq Composite, das ações de Internet, computadores e biotecnologia, tiveram ontem quedas recordes.
O anúncio da maior alta da inflação em cinco anos nos EUA provocou a venda em massa de ações, que desciam a ladeira desde o início da semana. Em cinco pregões consecutivos de perdas, o Nasdaq fechou a pior semana de sua história: caiu mais de 25%.
Mais inflação é um indício de que Alan Greenspan, presidente do banco central dos EUA, pode aumentar a taxa de juros básica da economia norte-americana num ritmo mais forte do que vinha fazendo nos últimos meses. Juros mais altos drenam recursos das Bolsas, pois os empréstimos ficam mais caros, as empresas investem menos, os consumidores compram menos e a economia, que cresce há 109 meses sem parar, pode começar a esfriar.
No final do dia, qualificado como dia do ‘‘banho de sangue’’ e da ‘‘carnificina’’, vários analistas faziam a pergunta: qual a diferença entre um crash, o estouro das Bolsas, e o que aconteceu hoje? Não se ouviram respostas, mas a maioria dos analistas acredita que o fundo do poço ainda não chegou.
A inflação detonou o pânico, que foi realimentado pelas ‘‘chamadas de margem’’, como se diz no jargão financeiro. Isto é, instituições que emprestam dinheiro para investidores comprarem ações requisitaram depósitos de garantia. Quem tomou dinheiro emprestado para investir teve de devolver uma parte. Para tanto, tiveram de vender mais ações para fazer caixa, o que derrubou ainda mais as Bolsas.
O Dow Jones desabou 617,78 pontos, ou 5,66%. O Nasdaq Composite, principal índice da Bolsa que concentra os negócios das ações da nova economia, despencou 355,49 pontos, ou 9,67%, em sua segunda pior queda em termos percentuais.
O recuo do Dow Jones superou o de 554,26 pontos que havia sido registrado em 27 de outubro de 97, no auge da crise asiática. Nenhuma das 30 empresas do Dow Jones subiu. O índice Standard & Poor’s, que mede a variação de 500 empresas norte-americanas, recuou 84,08 pontos, ou 5,78%.
Nas últimas semanas, as ações da nova economia já estavam vulneráveis a qualquer mau presságio do mercado – da condenação da Microsoft por monopólio à previsão de queda nos lucros de empresas de tecnologia.