Vendas do Dia dos Pais sugerem reação da economia, avalia Acil

O horário estendido do comércio no sábado que antecedeu o Dia dos Pais ajudou a impulsionar as vendas e aliviar um pouco os impactos negativos da pandemia do novo coronavírus no comércio. Segundo a Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), alguns setores chegaram a registrar alta de até 50% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. O comércio on-line também registrou crescimento na mesma proporção, alcançando um faturamento superior a R$ 3,5 bilhões em vendas em todo o país.

O presidente da Acil, Fernando Moraes, creditou o resultado positivo à maior flexibilização dos horários de funcionamento do comércio na semana passada, autorizada pela prefeitura. Nos dias 6, 7 e 8 de agosto, as lojas de rua puderam permanecer abertas das 9 às 18 horas. E os shoppings foram liberados para atender das 12 às 22 horas. “As vendas, no geral, não foram no mesmo patamar do ano passado, mas teve uma reação. E o horário esticado, principalmente no sábado, foi importante para evitar as aglomerações”, avaliou Moraes.

A Acil não faz pesquisa nessa data e por isso não tem um balanço final das vendas, mas como já vinha salientando, Moraes reforçou que os segmentos mais beneficiados foram aqueles que comercializam produtos bastante procurados por quem passa longos períodos dentro de casa. Proprietário da Móveis Brasília e de uma loja de revenda de celulares, ele calculou 50% de alta nas vendas neste ano quando na comparação com o mesmo período de 2019. “Notebooks e celulares venderam muito bem, estamos até com falta de produtos porque além do aumento da demanda, as indústrias têm dificuldade de produzir porque têm que cumprir as regras sanitárias. Mas também vendemos televisores e móveis”, comentou.

Roupas e calçados, disse Moraes, tiveram boa saída, mas em menor quantidade do que em anos anteriores. Mas os mais prejudicados foram restaurantes e estabelecimentos de lazer e entretenimento. “Esses sofreram muito.”

O presidente da Acil disse que a economia esboça uma reação em meio à crise, mas ressalta que é uma “falsa reação”. “A gente sabe que tem muito dinheiro que o governo está colocando no mercado e daqui a pouco vai parar. Enquanto o governo está liberando (os benefícios e auxílios emergenciais), as vendas estão boas e temos que torcer para que a economia volte a girar.”

Ampliação do horário

Fernando Moraes voltou a defender uma maior flexibilização nos horários de funcionamento do comércio. Além de evitar as aglomerações, argumentou ele, o horário estendido é necessário porque com o fim da vigência dos contratos de redução de jornada e de salários, haverá muitos trabalhadores ociosos nas lojas. Serão muitos funcionários para pouco tempo de trabalho. “A gente pede que volte o horário normal. A loja vai ficar aberta das 10 às 16 horas, o trabalhador vai pegar o ônibus de qualquer jeito.”

E-commerce

O Dia dos Pais deste ano foi o melhor em vendas on-line, segundo a Ebit|Nielsen, especializada em dados de e-commerce. A alta foi de 41% em relação a ao ano passado, com faturamento de R$ 3,5 bilhões. O número de pedidos também aumentou quase na mesma proporção, com crescimento de 37% na comparação com 2019, totalizando 8,2 milhões. O tíquete médio também cresceu, com uma variação positiva de 3% sobre o ano passado, chegando a R$ 434.

Líder da Ebit|Nielsen, Julia de Avila atribui o melhor desempenho do comércio eletrônico à maturidade do setor, com o consumidor mais seguro para fazer suas compras pela internet, associada às restrições impostas pela Covid-19, ainda vigentes em algumas regiões do país. “Neste ano, vimos uma aceleração nas compras on-line. O aumento de 41% no faturamento, sobre a mesma data do ano anterior, foi mais que o dobro do crescimento de 20%, de R$ 2,5 bilhões, do Dia dos Pais de 2019, na comparação com 2018”, explicou.