São Paulo - Os emplacamentos de motocicletas caíram 18,8% em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a associação dos fabricantes do setor (Abraciclo). No último mês, foram vendidas 116.639 motocicletas no Brasil. Em setembro de 2013, o número foi de 143.570 unidades. De acordo com o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, o principal motivo para a queda foi a diminuição na oferta de crédito, que afeta a classe C e D, camada que representa 85% dos consumidores das motocicletas de baixa cilindrada, modelos mais vendidos no País.
"Além do cenário macroeconômico ter piorado, as dificuldades na concessão de crédito fizeram com que o mercado ficasse ainda mais deprimido", afirmou Fermanian. "Precisamos de algum mecanismo que viabilize a venda a prazo para as classes mais baixas", disse.
As baixas vendas também afetam a produção de motocicletas. No acumulado do ano, entre janeiro a setembro, a queda é de 8% em relação ao mesmo período de 2013. Comparando-se o mês de setembro de 2014 com o mesmo mês do ano passado, a diminuição é de 15,2%. "As montadoras precisaram fazer ajustes dolorosos neste ano, entre dias sem produção e paradas coletivas", afirmou Fermanian, que não falou sobre futuras paradas nas montadoras de motocicletas, concentradas em Manaus (AM).
Segundo o executivo, 2.000 vagas foram cortadas no setor desde 2011, quando as vendas de motocicletas atingiram o número recorde de 2 milhões de unidades no ano. "O grande desafio das empresas fabricantes será reposicionar seu ponto de equilíbrio. Elas precisam se adequar a uma nova realidade", afirmou o presidente da Abraciclo.
Para o último trimestre do ano a expectativa é de ligeira melhora nas vendas, com a retomada do nível de vendas diárias em 6 mil unidades em outubro e novembro e um aquecimento ainda mais forte, mesmo que historicamente normal, em dezembro.

Desempenho positivo
Na contramão do cenário negativo, as vendas de motos de alta cilindrada seguem em crescimento este ano e o segmento deve encerrar 2014 com 60 mil unidades vendidas, ante 50 mil em 2013, um aumento de 20%. Já as vendas de scooters, motos com uso praticamente restrito aos centros urbanos, devem avançar mais de 30% entre os períodos, de 30 mil para 40 mil unidades.