O mercado de veículos seminovos e usados está registrando bons números no Paraná e em Londrina em 2023. Os modelos mais vendidos ainda são os chamados populares - VW/Gol, Fiat/Palio e Ford/Fiesta -, mas os comerciais leves, como a Fiat/Strada e a VW/Saveiro, também têm tido resultados positivos.

Fenauto indica que Londrina registrou a venda de 4.850 veículos em janeiro e 4.407 em fevereiro
Fenauto indica que Londrina registrou a venda de 4.850 veículos em janeiro e 4.407 em fevereiro | Foto: Roberto Custodio

A Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores) indica que Londrina registrou a venda de 4.850 veículos em janeiro e 4.407 em fevereiro. O acumulado nos dois primeiros meses de 2023 é de 9.257 vendas, cerca de 24% a mais que as 7.468 do mesmo período no ano passado.

O desempenho é semelhante na RML (Região Metropolitana de Londrina), cuja elevação está na casa dos 26% - 17.481 vendas em 2023 e 13.836 em 2022, considerando apenas os meses de janeiro e fevereiro. Os dados incluem automóveis, comerciais leves e pesados, motocicletas e outros veículos.

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A nível estadual, a onda de alta também é observada. Foram 188.822 veículos comercializados neste ano, contra 151.767 em 2022. A diferença também está na ordem de 24,4%. Na Região Sul, levando em conta o percentual de aumento, o Paraná fica atrás dos estados do Rio Grande do Sul (25,8%) e de Santa Catarina (26,7%).

O bom desempenho dos carros zero quilômetro pode influenciar positivamente o mercado dos usados nos próximos meses, afirma César Lançoni
O bom desempenho dos carros zero quilômetro pode influenciar positivamente o mercado dos usados nos próximos meses, afirma César Lançoni | Foto: Roberto Custodio

Na avaliação de César Lançoni, presidente da Assovepar (Associação dos Revendedores de Veículos do Paraná), entidade ligada à Fenauto, o mercado de veículos seminovos e usados está estável, mas positivo, com crescimento em relação ao ano passado. “O mercado está normal, com uma leve tendência de crescimento. Não há nenhum indicador de redução do mercado”, afirma. Ele também afirma que o aumento do IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores) e o preço dos combustíveis podem atrapalhar pontualmente a venda e troca de veículos, mas é um movimento que deve se ajustar nos próximos meses.

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“Alta da gasolina, alta do IPVA, tudo isso é ruim para o mercado. Qualquer aumento de imposto é muito ruim para o mercado. É uma coisa que a gente sempre trabalha no sentido contrário, para tentar sensibilizar para que se reduza o imposto”, diz.

Cesar aponta que o bom desempenho dos carros zero quilômetro pode influenciar positivamente o mercado dos usados nos próximos meses.

FÉRIAS COLETIVAS

Nesta semana, várias montadoras deram férias coletivas e paralisaram a produção nas fábricas. A falta de componentes e o cenário econômico desfavorável motivaram a decisão. Essa parada, acredita o presidente, é uma estratégia das empresas.

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“No momento você pode ter alguma notícia que o carro zero está reduzindo, vai ter que reduzir produção porque as vendas estão baixas, mas isso é o movimento. Em dois ou três meses a tendência é se ajustar de alguma maneira”.

“Janeiro foi muito bom, fevereiro também"

O proprietário da revendedora londrinense Rossoni Veículos, Jhonathan Rossoni, concorda que os números da Fenauto têm se refletido na realidade do mercado local. As vendas começaram mais agressivas em 2023, indica.

Imagem ilustrativa da imagem Venda de veículos seminovos e usados em Londrina tem aumento de 24%
| Foto: Roberto Custodio

“Janeiro foi muito bom, fevereiro também. Esse mês está um pouco mais tranquilo, mas não dá pra reclamar, não, está bom”, dizendo que ter um estoque bem balanceado, por exemplo, pode influenciar no desempenho das vendas. No caso da sua loja, o ticket médio é da ordem de R$ 70 mil.

O vendedor acredita que os próximos meses terão um mercado de seminovos e usados bastante aquecido. “Tendo carros bons, de qualidade, bom atendimento, acredito que a loja vai sair bem, sim.”

O gerente da Paraná Automóveis, Tiago Almeida Martins, diz que, na perspectiva da loja, as vendas estão estáveis, mas não vê um mercado aquecido. O que vem acontecendo, ressalta, é um aumento no número das revendedoras na cidade.

Gerente da Paraná Automóveis, Tiago Almeida Martins percebeu um aumento no número das revendedoras em Londrina
Gerente da Paraná Automóveis, Tiago Almeida Martins percebeu um aumento no número das revendedoras em Londrina | Foto: Roberto Custodio

“Como repartiu a fatia, abriu muitas lojas, provavelmente por isso está falando que cresceu [o número de vendas]. Toda loja que tinha dois, três sócios, se separou e multiplicou. Abriu muita loja”, diz o gerente, pontuando que, se abriram mais revendedoras que estão conseguindo se manter no mercado, a “fatia do bolo está repartindo”. “No geral, tenho certeza que aumentou [o número de vendas].”

VENDE MAIS PORQUE TEM MAIS OFERTA

De acordo com Lançoni, os carros populares são mais vendidos porque existem em maior quantidade. Outro ponto é porque estão sendo comercializados a valores abaixo de R$ 60 mil. “Tem uma tendência de se ajustar melhor na hora de fazer um financiamento, enfim. Estão sendo comercializados os carros mais baratos, abaixo de R$ 70, R$ 60 mil.”

O presidente aponta que, devido à alta do valor dos veículos e à alta dos juros, o momento não é de incremento na venda de automóveis de luxo, mas essa linha está “vendendo proporcional”.

“Não tem nada que indique que o mercado está caminhando para um movimento negativo. Os números continuam estáveis, fortes e em alguns casos positivos”, explica o presidente da Assovepar. “O comportamento do mercado está normal, um pouco apreensivo por causa do juro, um pouco apreensivo por causa da política.”

O movimento de alta no preço dos veículos usados ocorreu, explica Cesar, pela falta de opções zero quilômetro com a paralisação das montadoras durante a pandemia da Covid-19. Depois, em um segundo momento, a alta dos insumos e da matéria-prima, elevou o preço do zero quilômetro. “Agora como qualquer carro zero está 40%, 50% mais caro, o [preço do] usado se manteve.”

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