São Paulo - As vendas varejistas subiram em agosto bem acima do esperado e registraram o melhor resultado para o mês em quatro anos, porém em um desempenho que ainda não indica aceleração do setor devido ao ambiente de atividade econômica lenta e desemprego elevado no País.

Em agosto, as vendas no varejo subiram 1,3% na comparação com o mês anterior e interromperam sequência de três meses de perdas, de acordo com os dados informados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) .

Das oito atividades analisadas, sete apresentaram comportamento positivo: destaque para o segmento de tecidos, vestuário e calçados, com crescimento de 5,6%.
Das oito atividades analisadas, sete apresentaram comportamento positivo: destaque para o segmento de tecidos, vestuário e calçados, com crescimento de 5,6%. | Foto: Ricardo Chicarelli/24-08-2018



O resultado ficou bem acima da expectativa em pesquisa da agência de notícias Reuters com especialistas de alta de 0,3% e representou a melhor leitura para o mês de agosto desde 2014 (1,7%), além de ser a melhor taxa do ano. Na comparação com agosto de 2017, houve aumento de 4,1%, contra expectativa de avanço de 1,5%, no resultado mais forte para agosto desde 2013 (6,2%).

Apesar do resultado elevado, a atividade econômica no Brasil continua encontrando dificuldades em imprimir um ritmo mais forte, em um ambiente de incertezas com as eleições presidenciais que vêm mantendo o desemprego alto e contendo o ímpeto de compras. "O resultado não é reversão de tendência ou virada. O que houve em agosto foi uma recuperação de perdas para o comércio depois de desempenhos afetados pela greve dos caminheiros", explicou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes. "Foi um resultado importante, mas não quer dizer que o comércio vai deslanchar", completou

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Conforme a Folha de S.Paulo informou nesta quarta, a CNC (Confederação Nacional do Comércio) prevê que as vendas tenham uma alta de 2,3% em relação a 2017. A taxa de crescimento é menor do que a registrada no ano passado, de 3,9%.

"É um resultado frustrante. O crescimento vai ser mais lento que há um ano. No início de 2018, esperava-se que o varejo deslanchasse, e não foi o que ocorreu", afirma Fabio Bentes, chefe da divisão econômica da entidade.

Os resultados decepcionantes vêm se repetindo desde a paralisação dos caminhoneiros, no fim de maio. Para Bentes, o evento antecipou o clima de insegurança no País, que era previsto para iniciar em julho, com a aproximação das eleições.

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DESEMPENHO POR ATIVIDADE
Na comparação com julho deste ano, das oito atividades analisadas pelo instituto, sete apresentaram comportamento positivo no mês, com destaque para o segmento de tecidos, vestuário e calçados, com crescimento de 5,6%. A segunda maior alta veio dos combustíveis e lubrificantes com avanço de 3%.

A única atividade que teve variação negativa em agosto foi livros, jornais, revistas e papelaria, com queda de 2,5%.

Na relação com o mesmo mês de 2017, o comércio teve um avanço de 4,1%, após recuar 1% em julho. Nesta comparação, em agosto, cinco das oito atividades tiveram crescimento. A maior contribuição veio do setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos, com alta de 5,5%.

No acumulado de 12 meses, o volume de vendas do comércio cresce 3,3%, ante 3,2%, apresentado no mês passado.