Em Londrina, o setor de livraria e papelaria teve crescimento de 10,43%
Em Londrina, o setor de livraria e papelaria teve crescimento de 10,43% | Foto: Gina Mardones



Após um ano de 2017 marcado por quedas nas vendas do varejo, o Paraná entrou 2018 com o pé direito. De janeiro a março de 2018, o Estado teve um acréscimo de 4,31% nas vendas do setor, contra 0,54% no trimestre anterior (outubro a dezembro de 2017). Nos três primeiros trimestres de 2017, as vendas no comércio ficaram no terreno negativo. Os dados são da Pesquisa Conjuntural da Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), divulgados nesta segunda-feira (14).

O melhor desempenho foi visto nas regiões agrícolas, em função da safra de verão e do barateamento do crédito em um ambiente de inflação baixa, avaliou a Fecomércio PR. Londrina foi a segunda região com maior crescimento no primeiro trimestre de 2018 (4,76%), atrás apenas da Região Oeste (18,36%), que compreende os municípios de Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon e Foz do Iguaçu. No Paraná, as concessionárias de veículos (29,13%) e as lojas de departamentos (17,01%) tiveram os resultados mais expressivos nos primeiros três meses do ano. Em Londrina, destacaram-se as concessionárias de veículos (20,4%), as lojas de departamentos (16,46%) e as livrarias e papelarias (10,43%).

A coordenadora de pesquisa da Fecomércio PR, Priscila Andrade, explica que quando a agricultura tem uma boa safra, isso se reflete no aumento do crédito e nas vendas das concessionárias de veículos. "Quando o produtor vê que a safra é boa, ele investe mais em máquinas agrícolas, em caminhões. As concessionários vendem mais carros, utilitários. Tudo melhora, a questão do crédito, as pessoas se sentem mais confiantes. Isso acontece principalmente em Londrina e na Região Oeste." Há também de se lembrar que nesse período do ano as concessionárias fazem promoções, o que aumenta as suas receitas. No mês de março, especificamente, as concessionárias de automóveis chegaram a crescer 28,9% em relação ao mês anterior.

O presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) concorda que o bom desempenho do comércio em Londrina, em geral, tenha relação com a boa safra da região. "Temos uma dependência muito grande do agro, e toda venda se reverte em vendas no comércio."

Imagem ilustrativa da imagem Varejo paranaense fecha primeiro trimestre no positivo



OTIMISMO
Segundo Waldir Rezende, diretor comercial da Metronorte, o mercado de veículos comerciais teve crescimento de 22% nesse primeiro trimestre. A concessionária teve resultado ainda melhor, de cerca de 30%, também devido a algumas promoções realizadas no período. Mas a boa colheita, a cotação do dólar, o aumento do PIB e a diminuição dos juros foram um grande estímulo às vendas, acrescenta Rezende. "Isso tudo é um incentivo."

As livrarias e papelarias tiveram um aumento de mais de 10% nas vendas no primeiro trimestre em Londrina. Em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o índice chegou a 30,72%. A proprietária da Papelaria Moderna, Kátia Santos, confirma que, mesmo após a volta às aulas, as vendas aumentaram em sua loja. Ela estima um crescimento de 20% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado. Esse ano a papelaria também ampliou o seu público, que agora também é composto por pais de alunos de escolas públicas, diz a proprietária. E além de comprarem mais, os consumidores estão preferindo pagar à vista e com desconto. "As pessoas estão bem 'pé no chão', compram o que têm que comprar e preferem pagar à vista que parcelado."

Nas lojas de departamentos, a expectativa no momento é em relação à mudança do clima. Para Geanne Carnevale, gerente da Torra Torra em Londrina, apesar do que diz a pesquisa, o movimento esse início de ano esteve fraco após o período de liquidações, que foi até fevereiro. "Os primeiros meses de liquidação tinham movimento, depois deu uma acalmada."

Eleições 'paralisam' economia

No mês de março, o comércio no Paraná teve um acréscimo de 16,41% na comparação com fevereiro. Segundo observa a Fecomércio PR, o terceiro mês do ano teve mais dias úteis que o anterior, mas o faturamento do varejo também foi maior em diversos ramos, especialmente os de farmácias (24,74%), móveis, decorações e utilidades domésticas (20,82%), supermercados (19,54%), calçados (19,42%) e autopeças (17,45%). Em relação a março de 2017, o crescimento foi de 3,42%, com destaque para os setores de concessionárias de veículos (27,1%), lojas de departamentos (16,09%) e livrarias e papelarias (9,41%).

Em Londrina, o varejo em março cresceu 13,55% em relação a fevereiro, e 0,7% em relação a março de 2017. As concessionárias de veículos, as lojas de departamentos e as livrarias e papelarias tiveram os melhores desempenhos em ambas as comparações.

ANO BOM
Para a coordenadora de pesquisa da Fecomércio PR, Priscila Andrade, os dois trimestres seguidos de resultados positivos no comércio paranaense apontam que o ano de 2018 será bom. "É de se esperar que 2018 pelo menos concretize (a expectativa dos 5% de alta no varejo." Porém, é preciso cautela, já que esse é um ano de eleições e muitas políticas econômicas ficam paradas. Cláudio Tedeschi, presidente da Acil, também opina que o resultado no decorrer do ano poderia ser melhor, não fosse o período de incertezas que ronda as eleições. "Esse clima de incertezas, principalmente na área política, e a paralisia das reformas, tem segurado a economia."