Pesquisa realizada pela Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná) mostra que, de janeiro a março, o varejo paranaense teve o melhor resultado para um primeiro trimestre desde 2013. Nos três meses, o Paraná acumulou alta de 6,22% nas vendas do varejo. Praticamente todas as regiões do Estado tiveram evolução das vendas, com destaque para Londrina (14,76%) e Curitiba e Região Metropolitana (6,84%).

Imagem ilustrativa da imagem Varejo do Paraná tem o melhor primeiro trimestre desde 2013
| Foto: Anderson Coelho/17-12-2013

Dentre os fatores que contribuíram para o resultado, o coordenador de Desenvolvimento Empresarial da entidade, Rodrigo Schmidt, citou a agricultura do Paraná. "O Paraná tem uma economia muito baseada na agricultura. O agro teve um crescimento constante, influenciando outros setores como comércio e indústria. A gente viu que a indústria teve momentos de oscilação no decorrer da pandemia, o comércio também, mas o agro manteve constância, até pela alta de commodities, que tem favorecido bastante a exportação de produtos de origem animal, vegetal, todos os que estão na nossa balança comercial."

O coordenador também diz observar uma recuperação do varejo em relação ao início da pandemia. Foi entre os três primeiros meses do ano de 2020 que o Paraná descobriu os primeiros casos de coronavírus e implantou as primeiras medidas restritivas na tentativa de conter a disseminação do vírus. Naquela época, afirma Schmidt, as medidas causaram impacto muito maior, por se tratar de um fato inusitado. "Há muito tempo, desde a gripe espanhola, não se enfrentava situação semelhante."

Para ele, com o passar do tempo foram estabelecidos protocolos que permitiram o comércio retomar as atividades. Na comparação com o mês de março de 2020, o crescimento do varejo paranaense é ainda maior, de 13,68%. "Esse crescimento é atribuído a este momento de recuperação, porque realmente o mês de março do ano passado foi muito ruim. Este ano, por mais que vejamos comércio fechando, principalmente ligado ao setor de eventos, restaurantes, setor de serviços, tudo o que passamos, os investimentos que foram vindo tanto para as pessoas como para as empresas, de certa forma contribuíram para que tivéssemos um cenário um pouco mais favorável agora."

Londrina e Curitiba e Região Metropolitana, conforme o coordenador, concentram os maiores crescimentos devido à concentração do PIB (Produto Interno Bruto).

Pelos indicadores positivos, é possível vislumbrar um crescimento de 4% em 2021, afirma Schmidt, mas isso vai depender vacinação e do controle da pandemia e da crise sanitária, cujos cenários ainda são muito incertos. "Até para o empresário, para planejar, contratar, investir com mais propriedade seria necessário mais evidências que possuímos hoje."

Dos doze setores monitorados, apenas quatro apresentaram queda no Estado neste primeiro trimestre: calçados (-31,65%), vestuário e tecidos (-31,49%) e livrarias e papelarias (-28,52%) e lojas de departamentos (-10,47%). Dentre os que apresentaram crescimento, destaque para materiais de construção (22,62%), móveis, decoração e utilidades domésticas (16,95%), concessionárias de veículos (14,21%), farmácias (13,91%) e autopeças (12,85%).

Em Londrina, apenas dois setores apresentaram resultado negativo: calçados (-33,77%) e livrarias e papelarias (-16,15%). Dentre os resultados positivos, destaque para materiais de construção (38,94%), móveis, decoração e utilidades domésticas (16,04%), concessionárias de veículos (12,19%) e farmácias (12,03%).

Na visão de Schmidt, o fato de as pessoas terem permanecido em casa também para atividades escolares e de trabalho contribuiu para o aumento do consumo nos setores de materiais de construção e móveis, decoração e utilidades domésticas. "As pessoas com o tempo foram vendo a necessidade de adaptações e foram adequando o ambiente tanto para a parte profissional quanto de estudo e para a própria função de habitação."

IBGE

As vendas do comércio brasileiro tiveram a maior alta para o mês de abril ante março desde 2000, segundo divulgou nesta terça-feira (8) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No período, o volume de vendas do setor subiu 1,8%. O avanço ocorreu após baixa de 1,1% em março. À época, a piora da Covid-19 havia causado aumento de restrições a atividades, o que abalou segmentos diversos do varejo.

Com o desempenho de abril, as vendas do comércio voltaram a ficar acima do nível pré-pandemia. O patamar é 1% superior ao de fevereiro de 2020.

Em relação a abril do ano passado, houve alta de 23,8%, outro recorde. O crescimento expressivo está relacionado à base de comparação fragilizada. No quarto mês do ano passado, o setor havia desabado em meio aos impactos iniciais da crise sanitária, que provocou fechamento de lojas.

Em 12 meses, o comércio varejista acumulou avanço de 3,6%. No acumulado deste ano, o setor registra alta de 4,5%.

No Paraná, o volume de vendas do varejo cresceu 3,2% em abril em relação ao mês anterior, segundo o IBGE. Em março, o Estado teve queda de 4,4%. O setor de tecidos, vestuário e calçados teve crescimento mais que triplicou as vendas (325,2%) após queda consecutivas - de 37,4% em março e 21,8% em fevereiro. Em seguida, vieram artigos de uso pessoal e doméstico (122,9%) e veículos, motocicletas, partes e peças (106%). Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foram o único setor a apresentar queda no estado (-5,4%).

Na comparação com abril de 2020, o varejo paranaense teve incremento de 15,9%. No ano, acumula crescimento de 1,5%, e em 12 meses, de 1,7%.

Presidente do Sivepar-Paraná (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário do Paraná), Guilherme Hakme afirma que as vendas começaram a melhorar após o Dia das Mães e que alta pode ter relação com a data. Mas considera que o crescimento ainda é tímido.

"Ainda estamos tendo muito fechamento no Brasil, muitas cidades com comércio fechado, restrição de horários", diz. "A gente acredita que vai voltar um crescimento gradual a partir de agora, e que o auxílio emergencial vai ajudar nisso. Também estamos dependendo da vacinação. Ocorrendo até outubro, novembro para as pessoas acima de 18 anos, a gente acha que vai ser um ano positivo", conclui. (Com Folhapress)

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