A pandemia da Covid-19 causou estragos em muitos setores da economia. Em dois anos de restrições sanitárias, a crise foi implacável. Alguns segmentos, no entanto, dão sinais que passaram incólumes a toda esta tempestade, como é o caso do setor de joias.

Sem a concorrência das viagens, as joalherias e até pequenos ourives registraram crescimento nas vendas de 20% em 2021, na comparação com o ano anterior, segundo dados do Segundo dados do IBGM (Institutos Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).

“A pandemia impactou no mercado de joias. Principalmente porque houve a queda no setor turístico. O mercado de luxo, de modo geral, ficou aquecido, em especial o setor joalheiro”, aponta Karine Sackser, diretora comercial do Grupo Bergerson, que inaugurou mês passado uma repaginação da loja da BigBen em Londrina.

O mesmo tipo de impacto foi percebido por estabelecimentos locais. “Para a gente, na pandemia, infelizmente – porque a pandemia não é boa em nenhuma circunstância – o nosso comércio melhorou. Houve uma nova perspectiva de trabalho para nós”, conta Elcio Batista, gerente da Joalheira 18 Quilates, empresa londrinense que atua há 23 anos no ramo e possui dois estabelecimentos na cidade.

Uma das ferramentas por meio das quais o setor viabilizou esse crescimento foi o fortalecimento das plataformas virtuais de venda – desde o atendimento via Whatsapp e redes sociais até melhorias nos sites. “Não só no nosso ramo, mas em muitos outros, houve uma abertura do mercado ao Instagram, às redes sociais. A gente tinha essa ferramenta, mas não dava muita importância”, relembra Batista. Para o gerente, as novas circunstâncias da pandemia obrigaram o negócio a se adaptar: “a gente começou a fazer um trabalho dedicado às redes sociais, contratando blogueiras, e isso alavancou nossas vendas, ajudou bastante”.

As joalherias do grupo Bergerson fizeram um movimento semelhante. “Os novos canais de venda que se fortaleceram no período da pandemia, como e-commerces, possibilitaram um maior volume de novos clientes. Clientes esses que fazem buscas, que fazem pesquisas iniciais, e acabam, na maior parte das vezes, se direcionando a uma loja física só para finalizar a sua compra”, conta Sackser.

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TENDÊNCIA

Segundo uma estatística publicada pelo E-Commerce Brasil, projeto mantido por várias empresas que trabalham com vendas virtuais, a tendência é que essa modalidade de comércio continue a crescer, mesmo diante da flexibilização das medidas de isolamento. A nível nacional, no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 12,59% nas compras por plataformas de e-commerce. Em fevereiro deste ano, as vendas online já representavam 12,4% de toda a movimentação do varejo.

Há também fatores de ordem emocional que podem ter ocasionado uma procura maior por joias. “De um modo geral, atendemos os consumidores que estavam marcando momentos especiais. Uma retomada do pedido de namoro, do pedido de casamento, do aniversário de união, o nascimento dos filhos, uma vitória pessoal”, pondera Sackser.

Batista sente que, após o intenso sofrimento causado pela pandemia, as pessoas estão mais suscetíveis a fazer compras de durabilidade. Como a 18 Quilates tem por foco a venda de alianças, esse tipo de joia representa mais de 60% do seu faturamento. Ele brinca: “Joia é supérfluo? Entre aspas. A aliança todo mundo precisa para se casar”.

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