Varejo cresce 2% no PR, mas cai 4% em Londrina no 1º semestre
Apesar da queda em junho, resultado semestral no Estado mostra recuperação, aponta Fecomércio; Londrina segue na contramão, com recuo
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
Apesar da queda em junho, resultado semestral no Estado mostra recuperação, aponta Fecomércio; Londrina segue na contramão, com recuo
Simoni Saris - Grupo Folha

As vendas do varejo no Paraná cresceram 2,07% no primeiro semestre de 2022 quando comparadas ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados levantados pela Pesquisa Conjuntural da Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná). Os setores de calçados (36,81%), óticas, cine-foto-som (26,84%), livrarias e papelarias (18,71%), vestuário e tecidos (17,25%) e combustíveis (17,02%) puxaram a alta enquanto alguns setores que haviam registrado crescimento elevado durante a pandemia, como material de construção, móveis, decoração e utilidades domésticas e farmácias, tiveram queda no consumo e indicam retorno aos patamares habituais de vendas. Em Londrina, porém o resultado foi negativo, com queda de 4,47% de janeiro a junho.
As vendas de material de construção no Estado caíram 7,84%, o setor de móveis, decoração e utilidades domésticas recuou 3,35% e as farmácias venderam 0,16% a menos no primeiro semestre deste ano. Chama a atenção ainda a retração de 3,93% nas vendas das lojas de departamentos, decorrente da inflação alta e da contenção de gastos das famílias motivada pela redução do poder de compra, o que pode ser explicado pelo ICF (Índice de Intenção de Consumo das Famílias) de agosto, aferido pela CNC (Confederação de Bens, Serviços e Turismo) e pela Fecomércio-PR. O indicador cresceu 2,2% em agosto ante julho, alcançando os 96,8 pontos. No entanto, por estar abaixo dos cem pontos, a marca ainda é considerada insatisfatória.
Quando comparadas a maio, a receita do comércio paranaense em junho ficou 6,04% menor, sobretudo das lojas de calçados (-17,95%), vestuário e tecidos (-15,82%) e de departamentos (-14,3%). Mesmo com o Dia dos Namorados, o movimento não superou o mês anterior, que tem o Dia das Mães como grande impulsionador de vendas, principalmente de roupas e calçados.
Em relação a junho de 2021, o resultado do varejo no Paraná também registrou queda, de 2,58%. A Fecomércio destacou que os segmentos mais prejudicados pelo isolamento social decretado em razão da crise sanitária começam agora a retomar o movimento, tais como combustíveis (24,05%), livrarias e papelarias (21,4%), óticas, cine-foto-som (19,71%) e calçados (11,31%).
VOLTA AO PADRÃO
“Nem todos os setores vão se recuperar da mesma forma. Há segmentos que já estão presenciando o padrão de consumo que tinham anteriormente à pandemia, mas há outros que tiveram um volume de vendas acima da média e, neste momento, apresentam uma certa volta aos padrões habituais”, avaliou o coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio PR, Rodrigo Schmidt.
A pandemia ainda não foi debelada, fatores externos, como a guerra da Ucrânia, interferem na economia nacional, e ainda há a insegurança resultante do período eleitoral, mas ainda assim as perspectivas para os próximos meses são otimistas, disse o coordenador. “(O crescimento de 2,07% no semestre) Não é um cenário extraordinariamente positivo, mas foi de alta e, para o comércio, é importante que tenha um crescimento”, afirmou.
Nos próximos meses, virão ainda o Dia das Crianças, a Black Friday, já incorporada ao calendário do comércio brasileiro, e o Natal e a expectativa é que o varejo mantenha resultados positivos até o final do ano. “Diante de tudo o que passamos nos últimos anos e tendo um crescimento no primeiro semestre, realmente anima para este final de ano”, disse Schmidt.
LONDRINA
Na contramão do crescimento no Estado, Londrina contabilizou queda nas vendas não apenas no primeiro semestre, mas também na comparação entre maio e junho de 2022 e junho de 2021 e junho de 2022. No semestre, a queda foi de 4,47% em relação ao mesmo período do ano passado. As altas significativas nas vendas de calçados (41,78%) e óticas, cine-foto-som (30,52%) não foram suficientes para amenizar os efeitos das quedas nas vendas de outros setores, especialmente lojas de departamentos (-23,70%), livraria e papelaria (-22,69%), farmácias (-7,14%), e material de construção (-7,13%).
Na comparação com maio, o varejo em junho recuou 6,68% em Londrina e em relação a junho de 2021, a queda foi de 14,60%, bem maior que a baixa registrada no Estado, que foi de 2,58%.
Proprietário da papelaria Mega Feira, Alvaro Loureiro Junior atesta a queda nas vendas no período, mas disse que na comparação com os dois anos anteriores, quando as aulas presenciais ficaram quase suspensas a maior parte do período letivo, retomar as vendas, ainda que abaixo do nível pré-pandemia, foi um alívio. “No período sem aulas, fui obrigado a demitir 40 funcionários e fechei duas lojas em Londrina. Não existe perspectiva de reabertura das lojas, mas já estou em fase de contratação de funcionários.”
O presidente do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina), Ovhanes Gava acredita que o recuo observado no semestre possa ter relação com uma alta acentuada no início do ano. "São vários fatores, mas o ponto preponderante para a queda de 4% foi o boom que teve nos primeiros meses do ano e agora esse pico achatou, entramos em um platô e estamos ajustando as categorias econômicas. Outras que já estavam no platô, acabam nivelando e começa a cair o consumo”, explicou. “Mas 4% de queda para Londrina e região é um número expressivo, se colocar em milhares de reais. Para retomar, demora um pouquinho.”
Ainda assim, para o segundo semestre, Gava aposta em um cenário de alta nas vendas, alavancadas pelo Dia das Crianças, Black Friday coincidindo com Copa do Mundo e logo em seguida, Natal. “Ainda temos uma inflação acima dos 10% que reflete muito no consumo, mas o Dia das Crianças sempre sinalizou positivamente. O único fator que pode ser um complicador é a falta de produtos porque grande parte dos brinquedos vêm da China. Mas em todos os anos a gente consegue trabalhar com expectativa de alta do consumo e sempre se concretiza. Na sequência, vêm a Black Friday e a Copa e logo em seguida o comércio já fica aberto até as 22 horas. Vamos ter uma elevação no mês de dezembro. Estou bem otimista.”
REGIÕES
Analisadas todas as regiões do Paraná, Maringá teve o maior crescimento no semestre, com uma alta acumulada de 7,99%. Apresentaram crescimento também Curitiba e Região Metropolitana (4,73%), Ponta Grossa (4,38%) e a Região Oeste (0,64%). Além de Londrina, o comércio do Sudoeste registrou queda, de 3,71%.

