Comércio e indústria de bens de consumo se preparam para uma retomada das vendas neste fim de ano. Estoques mais enxutos nas lojas e velocidade maior de produção nas fábricas são o termômetro de que este Natal deverá ser o melhor para o varejo desde 2013. Com isso, o próximo ano poderá começar com a atividade em ritmo mais acelerado.

Juros em queda, inflação baixa, maior oferta de crédito, recuperação do emprego, ainda que lentamente, e a liberação de recursos extras do FGTS são fatores que dão sustentação para o crescimento da produção e das vendas no último trimestre.

Além disso, o consumo, especialmente de itens de maior valor, que ficou represado por causa da crise, pode deslanchar com a conjuntura favorável. "Nos últimos cinco anos, ficamos só com a venda para reposição dos eletrodomésticos, mas a população cresceu e a demanda reprimida hoje é muito grande", afirma João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para América Latina, que é dona das marcas Brastemp e Consul, de lavadoras, fogões e geladeiras.

Por conta desse cenário, o varejo espera que o faturamento real do Natal aumente neste ano 4,8% em relação a 2018, descontada a inflação. Se a previsão da Confederação Nacional do Comércio (CNC) se confirmar, será o melhor desempenho em seis anos. "Não descarto a possibilidade de revisar para 5% a projeção", diz o economista-chefe da entidade, Fabio Bentes. Essa foi a taxa de crescimento alcançada em 2013.

Pesquisa feita no mês passado pela CNDL e pelo SPC Brasil mostra que 77% dos brasileiros adultos, quase 120 milhões de pessoas, pretendem ir às compras neste fim de ano. Isso significa que quase R$ 60 bilhões vão girar na economia só por conta da compra de presentes. "O resultado é equivalente ao de 2018, mas com viés positivo", observa a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Ela argumenta que a fatia de indecisos em relação às compras neste ano é mais que o triplo de 2018 e, por causa da conjuntura favorável, há chance de esses consumidores decidirem gastar até o fim do ano. Também a parcela dos que não pretendem comprar neste ano é menos da metade de anos anteriores.

O otimismo dos lojistas tem base real quando se olha para os estoques. No mês passado, 22,5% dos comerciantes tinham produtos encalhados. É o menor resultado para os meses de outubro desde 2013.

As vendas no ano até agosto acumulam alta de 1,2%. Mas o ritmo se acelerou a partir de setembro, quando começaram a ser liberados os recursos do FGTS. "Este mês começou melhor do que o previsto", conta José Domingos Alves, supervisor da Lojas Cem. Ele revisou a alta da Black Friday de 7% para 20% e projeta 10% para o Natal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.