SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou nesta quinta-feira (30) que o banco vai acompanhar o movimento do governo e ampliar a oferta de linhas para financiar pequenas e médias empresas. Citou como exemplo iniciativas que teriam apoio o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), o FGI (Fundo Garantidor para Investimentos) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também voltado a pequenos negócios.

"Acho que é um crédito que ainda anda um pouco de lado porque os empresários menores vão evitar fazer novos investimentos agora. Devemos crescer em linhas como o Pronampe e o FGI para poder atender estruturalmente essas empresas", afirmou o executivo em entrevista à jornalistas.

O Bradesco deverá começar a conceder créditos pelo Pronampe em agosto.

Desde o início da pandemia, empresários têm reclamado sobre a falta de crédito no mercado bancário e afirmado que a alta burocracia, a demora na resposta e o aumento de juros e da exigência de garantias têm sido empecilhos na tomada de recursos em meio à crise do coronavírus.

Um levantamento feito no início deste mês pelo Ministério da Economia a pedido da Folha, apontava que apenas 17% dos recursos anunciados em programas de financiamento lançados ou regulamentados pelo governo haviam sido desembolsados -o que representa apenas R$ 12,1 bilhões dos R$ 70 bilhões anunciados para quatro grandes linhas.

O Pronampe -que na época do levantamento ainda estava com uma execução de apenas 7,5% do previsto- foi destaque até agora. A linha teve 90% dos recursos disponibilizados emprestados em pouco mais de um mês.

Inicialmente o governo havia destinado R$ 15,9 bilhões para linha. Os recursos são voltados para empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões (no caso do programa, vale a receita registrada em 2019). Na quarta-feira (29), no entanto, o Ministério da Economia afirmou que espera disponibilizar mais R$ 12 bilhões para a linha até 15 de agosto.

Segundo o presidente do Bradesco, já houve uma melhora da confiança que também começa a refletir na carteira de crédito do banco.

Para pessoas jurídicas, Lazari afirma que apesar do crescimento menor no crédito para pequenas e médias empresas, a busca de recursos para capital de giro e liquidez por parte dos negócios de grande porte já voltou ao normal e, a depender da evolução do cenário em relação à pandemia, é possível que a captação de recursos para investimento comece a ganhar força.

"Se o cenário econômico melhorar, já estamos vendo alguns IPO [oferta inicial de ações] e follow nos [oferta secundária de ações] acontecendo, onde empresas com bons resultados começam uma nova procura por crédito, principalmente para captação de recursos. Mas isso também é algo que depende de encontrarmos uma vacina [contra o coronavírus] e de sua eficácia", disse.

Para pessoas físicas, a expectativa é de que linhas com maiores garantias - como é o caso do crédito imobiliário e do consignado -continuem a ganhar destaque nos empréstimos do banco.

A carteira de crédito expandida do Bradesco atingiu R$ 661,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, alta de 14,9% em relação a igual período de 2019. Esse avanço foi puxado principalmente pelos empréstimos para pessoas físicas, que subiram 12,3%, para R$ 236 bilhões.

Os empréstimos para pessoas jurídicas registraram alta de 16,4%, para R$ 425,1 bilhões, com o crédito para as grandes empresas subindo 18,2% no período, para R$ 310,2 bilhões e os recursos voltados para micro, pequenas e médias empresas com avanço de 11,7%, para R$ 114,9 bilhões.