RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Vale informou nesta terça (24) que decidiu sacar US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) de linhas de crédito rotativo para enfrentar a crise gerada pela pandemia de coronavírus. A companhia anunciou também um programa de ajuda a fornecedores de pequeno e médio porte, que prevê desembolsos de R$ 160 milhões.

O recurso a linhas de crédito rotativas tem o objetivo de reforçar o caixa para enfrentar o período de baixos preços das commodities. A medida que também já foi adotada pela Petrobras, que anunciou na semana passada o saque de US$ 8 bilhões (R$ 40 bilhões).

Em nota, a Vale diz que a decisão considerou "o maior risco apresentado ao negócio pela pandemia do Covid-19 e concluiu ser prudente utilizar a solidez de seu balanço para navegar os próximos meses com maiores reservas de caixa".

A Vale fechou 2019 com prejuízo de R$ 6,7 bilhões, provocado por provisões de despesas relacionadas ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos em janeiro daquele ano. As medidas devem custar à empresa R$ 28,8 bilhões.

O desastre elevou as restrições à operação de barragens de mineração no país, levando ao fechamento de diversas operações da companhia. Com isso, a companhia teve que cortar 21,5% a produção de minério de ferro, seu principal produto.

Nos últimos dias, a empresa vem anunciando suspensão de atividades por causa da pandemia. Já decidiu interromper a produção de uma mina de cobre no Canadá e suspendeu as operações em um terminal de distribuição de minério na Malásia.

Os navios que seguiam para o terminal irão diretamente para a China, o principal cliente da mineradora. Em nota distribuída na segunda (23), a Vale disse esperar um impacto em suas vendas no primeiro trimestre em torno de 500 mil toneladas.

A companhia decidiu também suspender projetos de construção civil em curso em suas unidades, excluindo as obras relacionadas à segurança de barragens, para reduzir a circulação de pessoas. As empresas contratadas receberão apoio financeiro, segundo a mineradora.

O pacto de ajuda aos fornecedores prevê que a companhia reduza em até 85% o prazo para pagamento de serviços e materiais que ainda serão faturados pela empresa. A medida beneficia cerca de três mil empresas de pequeno e médio portes, informou, em nota, a Vale.

"No momento em que o país passa por uma grande incerteza, usaremos nossa rede de distribuição, presença na base da cadeia produtiva e capacidade de mobilização para ajudar nossos fornecedores a enfrentar o impacto dessa pandemia", diz, no texto, o diretor-executivo de Suporte ao Negócio da mineradora, Alexandre Pereira.