RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Vale creditou o aumento nos lucros -que superaram R$ 15 bilhões no terceiro trimestre- ao crescimento na demanda chinesa, que exerceu forte influência sobre as compras de minério de ferro durante a pandemia.

"A participação da venda para a China aumentou muito neste ano. É um efeito Covid", disse Marcello Spinelli, diretor executivo da Vale, durante teleconferência na manhã desta quinta (29) com analistas.

Segundo a empresa, a participação da China nas vendas de minério de ferro da Vale subiu de 57% para quase 70% desde 2017.

A Vale registrou lucro líquido de R$ 15,6 bilhões no terceiro trimestre de 2020, mais que o dobro dos R$ 6,5 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. O melhor resultado aconteceu principalmente pelo aumento de 26% dos preços realizados de minério de ferro e pela alta de 20% no volume de vendas no período.

A mineradora já havia registrado lucro de R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre de 2020, com efeitos positivos da retomada da demanda chinesa. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, a empresa fechou o primeiro semestre com lucro acumulado de R$ 6,2 bilhões.

A Vale afirmou ainda que conseguiu aumentar a produção neste ano, depois de vê-la cair a níveis mínimos em 2019, após a ruptura da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. O acidente levou ao aumento nas restrições para a operação de barragens de rejeito de minério no país.

Dessa forma, com a retomada da produção, as vendas para a China tiveram um boom, influenciadas pela retomada econômica pós-pandemia no país asiático.

"Depois de Brumadinho, o desafio foi manter nosso cliente chinês abastecido, e tivemos um uso do nosso estoque operacional", disse Spinelli.

"Estamos nos tornando uma empresa mais segura e fazendo tudo o que puder para garantir a segurança das pessoas", afirmou o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. "Neste trimestre alcançamos um marco importante na estabilização da nossa produção, com o recorde histórico de produção no Sistema Norte", disse.

Segundo a Vale, a reparação de Brumadinho é uma prioridade, com a continuidade das indenizações. De acordo com o relatório do terceiro trimestre, 600 pessoas foram adicionadas aos acordos de indenizações desde o trimestre anterior, contemplando agora 8.200 pessoas.