Usineiro quer mais álcool na gasolina
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segunda-feira, 19 de março de 2001
Rosana Félix De Curitiba
O governador Jaime Lerner anunciou ontem, em Curitiba, o envio de uma mensagem em caráter de urgência para apreciação da Assembléia Legislativa sobre o aumento do percentual de álcool anidro à gasolina, passando de 20% para 24%. Mas para que ocorra a mudança é preciso uma determinação federal, segundo informação da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
De acordo com a assessoria da ANP, o pedido de Lerner pode ser apreciado e aprovado pelos deputados estaduais, mas não pode ser aplicado no Paraná sem que haja um decreto nacional baseado em análise da agência, pois todos os Estados devem ter o mesmo índice de álcool na gasolina, Em termos de qualidade do combustível, não afeta nada, declarou a assessoria.
A medida de Lerner atende a um pedido dos produtores do setor, que querem aumentar a produção anual de álcool do Estado de 800 milhões para 1 bilhão de litros. Isso seria suficiente para o consumo paranaense, que é hoje de 80 milhões de litros por mês. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), Anísio Teixeira, esse aumento da produção ampliaria ainda o número de empregos no setor, que hoje é de 65 mil vagas.
Teixeira disse que a estimativa de produção de cana-de-açúcar no Paraná para este ano é de 22,5 milhões de toneladas, 15% a mais do que a safra anterior. Ele não soube informar as quantidades que são destinadas à produção de álcool e açúcar, mas avalia que devem ser cerca de 50% para cada. O Paraná tem potencial muito grande em termos de solo e clima, disse, referindo-se ao aumento da produção.
Hoje o Estado ocupa o terceiro lugar no País na produção de álcool, atrás de São Paulo e Alagoas. A intenção da Alcopar é que o Paraná volte a ser o segundo, como em 1999, quando colheu 24 milhões de toneladas de cana.
O governador alegou que atendeu o pedido feito pela Alcopar pensando na questão ambiental (o álcool é menos poluente que a gasolina), na geração de empregos e no enriquecimento do Estado. Lerner revelou que a Assembléia deve acatar a proposta.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis), Roberto Fregonese, não é contra a idéia, mas considerou a medida um casuísmo. Para essas mudanças é preciso haver um critério técnico, não só político, considerou. Os carros terão que sofrer mudanças, porque estão calibrados hoje para o percentual de 0,20% de álcool na gasolina, lembrou. Ele disse que os automóveis com injeção eletrônica fazem isso automaticamente, mas os outros precisarão de manutenção no motor. São muitas as mudanças, por isso é o governo federal que deve autorizar, completou.