Lojistas evitam fazer projeções de vendas, mas terão que caprichar para conquistar o consumidor que ainda está desconfiado em fazer dívidas
Lojistas evitam fazer projeções de vendas, mas terão que caprichar para conquistar o consumidor que ainda está desconfiado em fazer dívidas | Foto: Marcos Zanutto


Começa nesta quinta-feira (5) a Londrina Liquida, campanha de descontos, promovida pela Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), com o objetivo de movimentar o comércio da cidade. São mais de 500 lojas participantes, incluindo os shoppings Boulevard e Royal Plaza. A promoção ocorre até sábado (7), quando o comércio estará aberto até as 18horas.
A entidade não faz projeção do incremento de vendas com a campanha, mas acredita em desempenho positivo. "A Londrina Liquida chega como mais uma oportunidade para o empresário aquecer suas vendas com ofertas atrativas. Para os consumidores também serão dias festivos e para aproveitar descontos em praticamente todos os segmentos", ressaltou Cláudio Tedeschi, presidente da Acil.

O economista Marcos Rambalducci, consultor da Acil, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e colunista da FOLHA, afirmou que a campanha vem em boa hora, uma vez que o nível de comprometimento da renda do londrinense está em baixa. A Peic (Pesquisa de Comprometimento de Renda e Inadimplência) de maio mostrou queda de 62,6% para 58,8%.

"As pesquisas mostram que as pessoas estão com dinheiro ou com disposição para tomarem crédito e, em uma sociedade consumista como a nossa, é preciso lembrar o consumidor que existem promoções", disse.

De acordo com Rambalducci, os comerciantes deverão praticar descontos de 5% a 25%. As roupas de inverno poderão ter um desconto maior, na faixa dos 30% a 35%. "Esses produtos devem ter um desconto maior para não ficarem encalhados, pois o comerciante precisa fazer a mercadoria girar", afirmou o economista. Os descontos ficam a critério de cada loja.

Mas os lojistas terão que caprichar para conquistar os consumidores, que ainda estão desconfiados em entrar em dívidas e estão batendo perna atrás de ofertas. A costureira Suzana Mendes Rosa, 43, por exemplo, adora comprar, mas segurou o consumo nos últimos tempos. "Neste inverno dei uma segurada. Procuro aproveitar as liquidações e faço pesquisa de preço", contou. "Estamos economizando tudo que podemos. Não compro nem em promoção" afirmou uma senhora que olhava vitrines, no calçadão.

Os varejistas evitam fazer projeções de vendas. "Não crio muita expectativa. O Dia dos Namorados não teve o resultado que esperávamos. Mas as vendas em geral apresentaram aumento de 18% em relação a junho de 2017", comentou Renato Scaramal Bicas, proprietário de uma loja de roupas, no Centro. A estimativa da Fecomércio para o Dia dos Namorados era de incremento de 4%, em relação ao ano passado, mas o varejo esperava algo em torno de 8% a 10%.

Os funcionários de uma loja de calçados da rua Sergipe decoraram a vitrine para aumentar a divulgação da campanha, mas, de acordo com a gerente, Rossana Resende, o otimismo é tímido. "Junho foi um mês mais aquecido do que o Dia das Mães, mas não foi aquilo tudo. A Copa está nos matando", comentou.

O inverno quente e seco também prejudicou o faturamento. "No inverno o faturamento é promissor pelo valor agregado do produto, mas com essa seca não está vendendo nada. Tenho uma bancada de botas que tive que baixar 50% do preço", disse Resende.

Segundo ela, o jogo do Brasil nesta sexta-feira (6) deve atrapalhar as vendas. "Acho que a Acil deveria ter mudado a data para a semana que vem", reclamou. O comércio fechará na sexta às 14horas, em função da partida das quartas de final. O diretor comercial da Acil, Angelo Pamplona da Costa, acredita que o horário reduzido será compensado pelas lojas abertas no sábado a tarde.