Transportadoras reclamam de flutuação do preço do diesel
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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
Aline Machado Parodi<br>Reportagem Local
Os reajustes quase diários do preço dos combustíveis nas refinarias vêm causando transtornos no setor de transporte. Os empresários reclamam que não conseguem repassar os aumentos aos contratos que costumam ser negociados anualmente.
A Petrobras adotou em julho uma nova política de acompanhamento diário dos preços do barril de petróleo e do dólar e ajusta o valor dos combustíveis nas refinarias de acordo com esse mercado. Nesta quinta-feira (28), a estatal anunciou aumento de 1,1% no preço do diesel e de 1,7% para a gasolina. Esta foi a 17ª alteração da gasolina, em dezembro, e a 19ª do diesel. Em sete vezes, o diesel registrou alta, e a gasolina, em seis.
"Nos últimos três meses tivemos uma elevação de mais de 20% no preço do diesel e não temos como negociar esse repasse aos clientes. Precisamos encontrar uma fórmula de desprender esse aumento dos contratados. Negociar um gatilho de reajuste ou adotar revisões a cada três meses, por exemplo", reclamou Gilberto Antonio Cantú, diretor do Setcepar (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná).
O diesel é responsável por entre 35% e 40% do custo operacional das transportadoras, e segundo Cantú, essa volatilidade dos valores está fazendo com que as empresas absorvam entre 6% a 7% dos aumentos. "É um negócio muito novo e que foi adotado de supetão pela Petrobras. Começou como uma novidade negativa, que a NTC (Associação Nacional Empresas Transportes Rodoviários Cargas) está pedindo para a Petrobras rever", disse o diretor.
Segundo ele, a percepção do setor é que a nova política "tem um grande componente de recomposição de margens e caixa da Petrobras." A estatal defende que a metodologia é uma forma de enfrentar a concorrência de importadores.
O dono da Rede Postos Túlio e diretor da Fecombustiveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes), Geancarlo Pasa, afirma que o setor passa por um processo de adaptação e que a nova política elimina possíveis distorções. "Ano passado, a Petrobras praticou preços acima do mercado externo. Tivemos janelas de importação com R$ 0,70 por litro acima do valor praticado lá fora", comentou Pasa.
Ele disse que os reajustes estão sendo repassados conforme a política de cada distribuidoras. Algumas estão reajustando no dia seguinte, outras adotando com uma espécie de gatilho. Quando o reajuste atinge um determinado valor elas repassam.
Na percepção dele, a grande questão não são os aumentos ou reduções diários, mas a dificuldade das transportadoras em entender essa nova política. "As transportadoras terão que arrumar uma maneira de mostrar aos embarcadores que está havendo essa flutuação dos preços", afirmou.
ESTOQUE AMERICANO
Os estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram queda de 4,609 milhões de barris na semana encerrada no dia 22, a 431,882 milhões de barris, informou nesta quinta-feira o Departamento do Trabalho (DoE, na sigla em inglês). Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam queda menor, de 3,7 milhões de barris.
Os estoques de gasolina tiveram aumento de 591 mil barris, a 228,374 milhões de barris, ante projeção de alta de 600 mil barris dos analistas. Os estoques de destilados, por sua vez, aumentaram 1,09 milhão de barris, a 129,935 milhões de barris, o que contrariou a expectativa de queda de 500 mil barris.
A taxa de capacidade das refinarias subiu de 94,1% na semana anterior para 95,7%, quando os analistas esperavam estabilidade. Os estoques de petróleo em Cushing recuaram 1,584 milhão de barris, a 51,414 milhões de barris.
A produção de petróleo dos EUA caiu a 9,754 milhões de barris por dia, de 9,789 milhões de barris por dia na semana anterior, de acordo com o relatório do DoE. (Com Agência Estado)