O ministro da Fazenda, Pedro Malan, confirmou ontem o que já havia dito o secretário do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, e adiantou que o dinheiro para a correção das contas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) não pode sair do Tesouro Nacional, nem mesmo aquele destinado ao crédito nas contas de menor saldo. ‘‘O orçamento deste ano já está votado pelo Congresso. Essa questão vai ter que ser equacionada ao longo do tempo’’, disse o ministro.
Malan defendeu que os titulares de contas do FGTS com saldos de até R$ 1.000 sejam os primeiros a receber a correção do fundo correspondente aos percentuais de rendimento expurgados nos planos Verão (1989) e Collor (1990). A proposta de Malan coincide com o que já vinham propondo as centrais sindicais, com a diferença de que, enquanto estas querem o pagamento imediato, o ministro não fixou prazo, apenas a prioridade.
Durante uma entrevista coletiva no Rio, quando respondia a perguntas gerais sobre a correção do FGTS, Malan apresentou espontaneamente sua proposta. ‘‘Tem um outro ponto sobre o qual eu gostaria de ver chamada a atenção: todos falam em distribuição de renda desigual no País. Eu peço que olhem para o FGTS. As contas com saldo de até R$ 1.000 correspondem a cerca de 92% do número de contas’’.
Segundo Malan, esses 92% (91,98%, precisamente) das contas totalizam apenas 16,86% dos R$ 40 bilhões que representariam o valor total da correção, ou R$ 6,74 bilhões. Em contrapartida, a parcela de 1,01% das contas que possuem saldo superior a R$ 10 mil representa 44,35% do valor a ser creditado, ou R$ 17,74 bilhões.