A Telefônica e os sindicatos dos trabalhadores em telecomunicações estão em fase de negociação de um PDI (Programa de Desligamento Incentivado) para garantir que os trabalhadores da Vikstar recebam suas verbas rescisórias, considerando que o fim do contrato da operadora de telefonia com a contact center é certo e demissões serão, segundo o Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Paraná), inevitáveis.

Unidade da Vikstar em Itaquera (SP) antes da pandemia
Unidade da Vikstar em Itaquera (SP) antes da pandemia | Foto: Divulgação

A Telefônica é a única cliente da Vikstar e a operadora já afirmou, no mês passado, que rescindiu o contrato com a contact center por "questões relacionadas à deterioração financeira" da empresa. A Vikstar tem cerca de 8 mil funcionários em três estados, 1.200 só em Londrina.

Segundo Sandro Marochi, diretor regional do Sinttel em Londrina, no momento a minuta do acordo está sendo analisado pelo setor jurídico das partes, mas a proposta é que a Telefônica arque com as despesas rescisórias dos trabalhadores e pague uma indenização de 0,20 do salário base por ano trabalhado, com teto de 1,5 para quem tem oito anos ou mais de contrato.

O acordo é considerado pelo sindicato "excelente" já que, caso contrário, os trabalhadores teriam que buscar seus direitos na justiça. "Além de a Telefônica arcar com a dívida trabalhista da Vikstar, ainda está dando um incentivo. Porque a empresa vai fechar mesmo. O receio é fechar e todo mundo ter que procurar seus direitos na justiça. Vai saber quanto tempo vai levar e o trabalhadores sem poder dar entrada no seguro desemprego e retirar o FGTS", comenta Marochi. "Vai ser inevitável a demissão. Estamos garantindo junto à Telefônica que os trabalhadores pelo menos recebam as verbas rescisórias", ele continua.

A ideia é que a Telefônica também coloque em dia os depósitos de FGTS dos trabalhadores - que não estavam sendo feitos pela Vikstar, segundo o Sinttel. O sindicato vai pedir, ainda, que a companhia pague as parcelas de verbas rescisórias de trabalhadores demitidos anteriormente, que também estariam em atraso.

SALÁRIOS

A Vikstar vem atrasando o pagamento dos salários dos seus funcionários desde abril. No mês passado, a empresa alegou que os pagamentos não foram realizados pontualmente porque a Telefônica não realizou o repasse devido pela prestação de serviços. Já a Telefônica disse estar fazendo os pagamentos regularmente e afirmou que rescindiu contrato com a contact center no dia 18 de março, com 90 dias de aviso prévio a vencer no mês de junho.

Neste mês de maio, os trabalhadores também receberam os salários com atraso. De acordo com o Sinttel, os salários deveriam ter sido pagos na última sexta (7), mas foram pagos somente nesta segunda (10) por garantia da Telefônica.

Na última quinta-feira (6), a pedido do sindicato, o juiz titular da 5ª Vara do Trabalho de Londrina, Manoel Vinicius de Oliveira Branco, determinou que a Vikstar comprovasse os repasses do vale transporte e do salário do mês de abril, sob pena de execução dos valores. A decisão estabeleceu ainda que a Telefônica retivesse os créditos que possui com a contact center até o limite do valor da causa, de R$ 200 mil.