TC dá prazo para banco esclarecer denúncia de fraude
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segunda-feira, 16 de outubro de 2000
O Banestado tem até esta sexta-feira para apresentar sua defesa junto ao Tribunal de Contas do Paraná. Os conselheiros do TC investigam denúncia feita pelo Sindicato de Bancários de Curitiba e Região Metropolitana contra a privatização. O TC investiga a possibilidade de fraude numa lista de quase 150 operações consideradas como temerárias e que representam um débito de R$ 254 milhões de difícil recuperação, na avaliação do banco.
Os sindicalistas alegam que nem todo o bolo financeiro está perdido, como alega a direção do Banestado. Dentre as empresas que estão na lista de devedores com poucas chances de pagamento há órgãos públicos, de capital misto e da iniciativa privada com solidez no mercado paranaense.
Para o presidente do sindicato, José Daniel Farias, o TC deve analisar a lista de débitos não recuperáveis e responsabilizar os diretores do Banestado que autorizaram essas operações. Entre os questionamentos apresentados pelo Sindicato ao TC está o fato de muitas dívidas vencerem apenas em 2002 e, por antecedência, já estarem incluídas na lista de financiamentos não recuperáveis.
Na quarta-feira passada, o TC enviou ao presidente do banco, Reinhold Stephanes, pedido de informações. O Banestado tem cinco dias úteis para enviar a resposta, independente de ocorrer a venda do banco, prevista para hoje. O prazo termina na próxima sexta-feira, dia 20. Depois disso, o corregedor do TC, conselheiro Nestor Baptista, que é o relator da denúncia, apresenta relatório para votação em plenário.
Entre as empresas públicas ou de capital misto que entraram na lista está a Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (CIC). Em agosto de 1999 a CIC devia R$ 53,8 milhões ao Banestado. O detalhe é que o financiamento só vencerá em outubro de 2003.
A lista contém a relação de operações de difícil recuperação em 31 de maio de 1999. O diretor administrativo e financeiro da CIC, Claudio Melo Colaço, contesta a inclusão da empresa na lista. Segundo ele, os débitos foram repactuados e transferidos para o Estado em 1992. Segundo ele, uma auditoria comprovou que os débitos da CIC são pelo menos a metade do que está sendo informado pelo Banestado.
A Companhia de Informática do Paraná (Celepar) também integra a lista das empresas devedoras sem condições de pagamento que está em poder do TC. Desde julho de 1999, a Celepar deve R$ 2,5 milhões ao banco. A Celepar presta serviços ao Banestado e poderia ter compensado os débitos nesse período.
A Construtora Cidadela S/A entrou na lista com R$ 13,3 milhões de débitos a serem vencidos em dezembro de 2001 em empréstimos e R$ 26,5 milhões em debêntures. A Jabur Pneus deve R$ 3,2 milhões. A Nutrimental tem débitos de mais de R$ 10 milhões que o banco considera irrecuperáveis. As empresas também questionam os valores apresentados na lista. (Emerson Cervi)