Tarifas e saúde 'incharam' ICV do Dieese
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 05 de janeiro de 2000
Agência Estado
De São Paulo
A alta do Índice do Custo de Vida (ICV) no município de São Paulo, apurado pelo Dieese, que em 1999 ficou em 9,57% ante 0,49% em 1998 foi motivada sobretudo pelas tarifas públicas, com aumento médio de 21,68%. Outro agrupamento que puxou a expansão do índice foi o de bens e serviços dos setores oligopolizados, com inflação no ano de 19,47%.
A coordenadora da pesquisa de preços do Dieese, Cornélia Nogueira Porto, afirma que, no setor público, diversos reajustes de preços foram injustificados, como é o caso do álcool combustível. A pesquisa do Dieese aponta alta de 52,10% nos preços, similar ao reajuste da gasolina, que foi de 52,29%. A questão, segundo Cornélia, é que a gasolina depende do petróleo,
cujos preços dispararam no mercado internacional ao mesmo tempo em que o câmbio foi desfavorável, enquanto o álcool não sofreu tal pressão.
Dentro dos chamados setores oligopolizados, que também tiveram impacto forte no ICV, outros aumentos injustificados foram registrados nos seguros e convênios (21,63%) e no de medicamentos e produtos farmacêuticos (15,86%). No caso dos seguros de saúde, Cornélia explica que as variações dos preços das consultas médicas (1,34% no ano), das diárias hospitalares (5,83%) e dos exames laboratoriais (-6,52%) não justificam o estrondoso aumento nos seguros de saúde no ano passado. Esses serviços sequer dependem do câmbio, afirma.
Os transportes foram o grupo que mais subiu no ano passado, 22,71%, puxado por gasolina, álcool e diesel. O setor de alimentação registrou alta de 8,04% no ano, puxada por peixes e frutos do mar (38,21%) e carnes (30,28%). O câmbio desfavorável, segundo ela, puxou os preços de carne, açúcar, café e farinha de trigo nos últimos três meses do ano.
