Tarifa do transporte coletivo é reduzida para R$ 4
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segunda-feira, 03 de janeiro de 2022
Vitor Ogawa - Grupo Folha
O prefeito Marcelo Belinati anunciou na tarde desta segunda-feira (3) que o novo valor da tarifa de transporte coletivo é de R$ 4. O anúncio foi feito em uma entrevista coletiva. Atualmente a tarifa custa R$ 4,25 e as duas empresas pediram valores mais altos. Argumentando a necessidade de reequilíbrio financeiro, a TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) solicitou um aumento para R$ 10,15 e Londrisul, para R$ 9,19. Projeto será encaminhado em regime de urgência para votação na Câmara.
Segundo o prefeito, a redução será possível com a recuperação do número de usuários que existia antes da pandemia. "Atualmente os usuários representam 67% que utilizavam antes da pandemia. Com esse valor a R$ 4 esperamos que as pessoas voltem a utilizar o sistema. Se chegarmos entre 90% e 100% dos usuários que utilizavam os ônibus antes da pandemia com essa redução da tarifa teremos o equilíbrio em 2022", declarou.
Caso seja aprovada pela Câmara, Londrina não será o primeiro município do Estado a adotar essa política de redução das tarifas para recuperar o volume de passageiros que havia antes da pandemia. Segundo Belinati, Araucária foi um dos municípios que adotou essa prática. Questionado sobre a possibilidade de um novo aditivo, como os R$ 20 milhões concedidos às empresas como no ano passado, o prefeito afirmou: "A avaliação será feita mensalmente. A gente espera que tenha o retorno das pessoas ao transporte público e eventual superávit. Como foi feita reengenharia só com 90% a 100% dos passageiros que tinham antes da pandemia haverá o equilíbrio. Se houver um superávit é possível ser reutilizado para uma possível redução da tarifa. Lógico que eventuais diferenças deverão ser cobertas pela municipalidade", destacou.
O projeto da nova tarifa prevê que o município continuará a arcar com as isenções para idosos, aposentados por invalidez, pessoas com deficiência física, mental, sensorial e seus acompanhantes, pessoas das forças de segurança, pessoas com câncer maligno que façam tratamento de quimioterapia e/ou radioterapia, além de arcar com o custo de eventual diferença necessária para cobrir o custeio do serviço de transporte público coletivo de passageiros. "A tarifa entra em vigor assim que a Câmara aprovar", reforçou o prefeito, ressaltando que é um rito burocrático que deve ser seguido.
"A tarifa que havia sido proposta pelas empresas, a R$ 10 é totalmente impraticável e inadmissível. Nossa equipe técnica tem todo o controle dos custos. Sendo objetivo, nós estamos fazendo a reestruturação do serviço de transporte coletivo para ter a melhoria da qualidade e preço justo no menor preço possível que a população possa utilizar. Buscamos alternativas inovadoras e inteligentes de forma que possa a seguir oferecendo o serviço com qualidade", apontou.
Segundo o prefeito, não haverá queda de qualidade dos serviços. "Não dá para retirar ônibus no meio de uma pandemia. Então essa análise tem sido feita pela equipe técnica da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização)", destacou
As empresas de transporte coletivo afirmaram, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que vão analisar o projeto antes de se pronunciar.
O diretor presidente da CMTU, Marcelo Cortez, disse que o valor foi estipulado para o projeto de lei para que as pessoas voltem ao sistema. "Os preços praticados pelas empresas (a R$ 10,15) seria impraticável e impossibilitaria que as pessoas usassem o sistema", ressaltou. "O valor traz a atratividade para que as pessoa retornem. A gente tem que lembrar que o sistema é alimentado pela taxa paga pelos usuários." Cortez relembrou que desde o início da pandemia a autarquia trabalha no sistema todos os dias para que o serviço seja de qualidade para o cidadão. "Para que além de ter uma qualidade boa incentive o seu uso. Além da passagem temos que fazer a reorganização do sistema que, devido à pandemia, todos os dias intervimos para ser viável e atrativo." Diante da redução do valor da passagem, Cortez foi questionado sobre uma possível reorganização para ter mais linhas de ônibus já que haveria a tendência de atrair mais passageiros. Ele respondeu que isso será feito de acordo com o retorno dos usuários e essa logística será feita pela equipe da CMTU. "Tão logo os usuários retornem, a CMTU irá novamente reorganizar tudo."
O presidente da Câmara Municipal de Londrina, Jairo Tamura, afirmou que o projeto será protocolado na terça-feira (4). "Já fiquei sabendo e passei para o pessoal da Procuradoria da Câmara e para a assessoria legislativa. Eles estão tomando conhecimento desse projeto para ter um prazo para fazer um parecer. Eu estou vendo a possibilidade de fazer essa sessão extraordinária remotamente e até a convocação dos vereadores. Tudo isso está sendo analisado para ter uma noção para ter essa resposta sobre quando essa sessão será realizada", apontou.
USUÁRIOS
O operador de máquinas Gilberto Mota, 54, achou que a proposta de redução é a mais correta. "Eu acho que a passagem a R$ 4,25 já está um absurdo de caro e as empresas queriam aumentar para mais de R$ 10. Se abaixarem tudo bem. Se aumentarem as pessoas terão que andar a pé ou de bicicleta. Se reduzirem as pessoas vão utilizar mais o transporte coletivo." Ele relatou que percebeu a redução do número de passageiro durante a pandemia e que esse volume pode retornar se a passagem ficar mais barata. "Com certeza. Eu percorro 4 km por dia. Eu faço duas ou três vezes por semana esse trajeto a pé por causa do preço da tarifa", destacou.
A diarista Eliane de Carvalho, 47, utiliza os ônibus todos os dias. Ela relatou que recebe dos contratantes dos serviços o valor da diária, mais o valor da passagem, mas que se a tarifa aumentasse para os R$10,15 solicitados pelas empresas ficaria mais difícil. "Seria um absurdo. Qual patrão iria querer pagar esse valor. Não teria como. Com a tarifa a R$ 4 a gente fica feliz, porque tiraria até os R$0,25.", enalteceu.
A auxiliar administrativo, Náthali Jampietri Bolonhezi, 23, destacou que achou boa a decisão do prefeito. "É melhor reduzir do que aumentar. Se aumentasse iria piorar. Esse dinheiro faz falta para o meu orçamento. Nem os patrões iriam gostar do valor a R$ 10. Isso poderia implicar até em demissão de alguns funcionários, caso fosse adotada essa tarifa mais alta. Eu trabalho em Ibiporã e pago duas passagens, uma do ônibus metropolitano e uma local. Se aumentasse ficaria inviável para o meu patrão pagar", declarou.