Della Bradshaw
Especial para o Financial Times
Havia um ano, a Internet parecia sugar todos os grandes talentos da ‘‘velha economia’’. O aconchegante triunvirato de bancos de investimentos, consultorias gerenciais e corporações estava sob ameaça. Com um espírito de contra-ataque, as companhias tradicionais preparam seu resgate de talentos. Consultorias e empresas da economia tradicional estão montando pacotes inovadores que trarão ao seu mundo ‘‘conservador’’ parte da excitação que é inerente às empresas de Internet.
Liderando o grupo estão as consultorias que esperam seduzir os novos mestres e MBAs. ‘‘O mercado está passando por uma tremenda guerra pelo talento’’, diz Bill Ziegler, diretor mundial de recrutamento da Andersen Consulting. A Bain and Co. e a Andersen Consulting criaram esquemas sob os quais seus consultores podem se beneficiar de investimentos que as firmas façam, aceitando pagamentos de seus clientes na forma de ações. O esquema da Bain já está operando, com a empresa recebendo ações de seus clientes como pagamento. Muitas empresas iniciantes chegarão ao mercado passando pela Bainlabs, a incubadora do grupo.
No final do ano, haverá uma distribuição de ações dessas empresas como parte do programa anual de bônus. Quando uma companhia iniciante optar por uma abertura de capital, digamos, os consultores que atenderam sua conta receberão o dinheiro. Na Andersen Consulting, onde o esquema começará a funcionar em setembro, a consultoria investirá US$ 200 milhões neste ano em empresas do setor de comércio eletrônico.
Uma vez mais, os consultores desfrutarão de benefícios econômicos gerados com esses investimentos. Os dois esquemas encorajam os novos graduados e os MBAs que tenham mentalidade empreendedora a aceitar empregos nessas companhias, que também os motivam a permanecer. As consultorias reterão as ações adquiridas como investimento por cerca de três anos antes de soltá-las no mercado.
Enquanto isso, companhias tradicionais, como as montadoras de automóveis e as fabricantes de bens de consumo, estão preparando ofertas de alta qualidade. Mark Bailey, diretor de pessoal na General Mills, que produz cereais matinais e massas para bolos, entre outras coisas, diz que a estratégia empregada para contratar os MBAs não difere muito da que a empresa usa para vender cereal. ‘‘Pesquisamos muito sobre o que eles desejam e depois adequamos nossas oportunidades aos estudantes’’.
A General Mills oferece, há cinco anos, opções de ações aos seus novos contratados no setor executivo. Bailey prefere não revelar todos os detalhes de seu plano para a retenção de funcionários de alta qualificação. ‘‘Hoje em dia, reter funcionários é o nome do jogo’’.
Os bancos de investimento, o terceiro grande grupo tradicional de recrutamento de MBAs, não sofreram tanto com a invasão da Internet, diz Daniel Nagy, vice-diretor de serviços de carreira na escola Fuqua de Administração de Empresas, parte da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte. ‘‘Os bancos atraem um determinado tipo de pessoas. O dinheiro nunca foi problema. Para eles, os salários e vantagens que oferecem sempre foram competitivos. Mas há uma questão de estilo de vida’’.
Tradução de Paulo Migliacci