São Paulo - As empresas supermercadistas não têm conhecimento dos produtos que mais vendem em suas lojas. A maioria não confere os produtos de maior e menor saída e, com isso, não faz um posicionamento adequado de produtos nas gôndolas. As conclusões são de um estudo feito pela revista Supermercado Moderno, com base em entrevistas dos principais varejistas de auto-serviço e informações repassadas por indústrias fornecedoras.
A cerveja, por exemplo, é o produto que proporciona maior receita em um supermercado. Em 2003, as vendas de cerveja nas principais empresas do setor ficaram entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões. Porém, de acordo com as notas dadas pelos supermercadistas, a categoria ficou em 17º lugar em importância no faturamento. O produto considerado de maior relevância nas vendas foi o feijão, que, contudo, é o oitavo produto no ranking de receita.
Outro caso é o do detergente líquido, que para os varejistas estaria em quinto lugar no grau de importância das vendas, mas contribui pouco para o faturamento total, ocupando a 43 posição em vendas. Os dados mostram que, diante dos milhares de itens com os quais trabalham diariamente, as empresas não conseguem enxergar o desempenho de cada um. Foram pesquisadas 171 categorias, que representam um caixa de R$ 71 bilhões por ano aos supermercados, ou quase 80% do volume total comercializado nos pontos-de-venda. Na pesquisa, categorias dividiram a mesma posição, pois receberam as mesmas notas finais.
O levantamento também identificou as categorias de produtos que mais cresceram em vendas no ano passado, como resultado principalmente da mudança de comportamento do consumidor. O biscoito salgado encabeça a lista, com crescimento de 22% sobre 2002. Na sequência, vieram a linguiça embalada (20%), loção hidratante para o corpo (19%), café solúvel (17%), biscoito waffer (16%), antisséptico bucal (15%) e barbeador descartável (12%).
Segundo Valdir Orsetti, editor da revista, estas informações deveriam nortear o varejista na montagem do seu mix de produtos e nas estratégias de exposição, como forma de potencializar as vendas de alguns itens. A tarefa, entretanto, tem de ser feita loja a loja, pois a importância das categorias na venda varia de acordo com a região e perfil socioeconômico do cliente. Este trabalho tem se tornado a cada dia mais importante por causa da sucessão de lançamentos de produtos e categorias. Nos últimos seis meses, de acordo com dados da AC Nielsen, chegaram ao mercado cerca de 6.500 novos itens.
Com base em informações repassadas por 40 fornecedores, a revista também identificou o consumidor das principais categorias, o que serve mais uma vez de subsídio para a gestão dos pontos-de-venda. Os caldos em tabletes para tempero, por exemplo, são mais comprados pelas mulheres da classe C. Já os biscoitos waffers são preferidos pela classe A e B que moram em lares com média de 3 a 4 pessoas.