Supermercados do Paraná mantêm alta no delivery mesmo após pandemia
Redes de Londrina relatam crescimento de até 25% ao ano na modalidade. Experiência é aposta para fidelizar clientes
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 05 de agosto de 2024
Redes de Londrina relatam crescimento de até 25% ao ano na modalidade. Experiência é aposta para fidelizar clientes
Maria Tereza Nascimento
As redes de supermercados têm testemunhado uma revolução significativa no processo de compras, impulsionada principalmente pela crescente demanda por conveniência e eficiência. Dentre as tendências que vem ganhando cada vez mais destaque, está o serviço de delivery.
Com a proliferação de aplicativos e plataformas on-line, consumidores podem agora pedir uma ampla gama de itens com apenas alguns cliques, transformando radicalmente a experiência de compra tradicional. Em Londrina, os estabelecimentos atingiram o auge do delivery durante a pandemia da Covid-19. Agora, mesmo que em patamares inferiores, o crescimento é constante. Em algumas redes, o avanço chega a 25% ao ano.
O número de brasileiros que utilizava o serviço na pandemia, época em que o delivery ganhou grande importância devido às normas de isolamento, saiu de 30,4% em 2019 para 54,8% entre 2020 e 2021. Os dados são da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).
Em janeiro de 2022, por exemplo, foi registrado um aumento de 20,56% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo informações do MCC-ENET, em parceria com o Compre & Confie e a Câmara Brasileira da Economia Digital.
Segundo a Apras (Associação Paranaense de Supermercados), alguns dos clientes mantiveram o hábito da compra por e-commerce depois da pandemia, mas a maioria retornou para as lojas. Porém, mesmo assim, a organização aponta um crescimento de vendas on-line constante, mesmo que ainda estejam em uma velocidade baixa. “A representatividade do delivery gira em torno de 2% do faturamento geral no Brasil. Tem a ver com a cultura de consumo no nosso país e com os hábitos das gerações, pontos que interferem nas preferências de compra”, explica o vice-presidente de Marketing da Apras, Fabiano Szpyra.
Londrina e Região
Um dos supermercados que fazem entregas em Londrina é o Super Muffato, que já tem esse serviço desde 1990, se consolidando como o primeiro do Paraná a oferecer essa modalidade. “Quando a pandemia chegou, já tínhamos essa expertise. Porém, o contexto da pandemia impulsionou muito as vendas on-line, que se mantiveram em patamares mais altos em relação ao período anterior a 2020”, expõe João Roberto Conceição Rosa, head de E-commerce da empresa.
Em Londrina, o supermercado tem três pontos de delivery. No Paraná, são 22. Atualmente, além do delivery convencional, o supermercado também oferece a modalidade Express. Nesse caso, a entrega é feita dentro de 60 minutos, se a compra for pedida pelo aplicativo da rede numa quantidade de até 15 itens. “Um dos nossos desafios é manter o padrão de qualidade durante o trajeto e entrega ao cliente. Para isso, oferecemos caixas térmicas aos entregadores para acondicionamento de itens refrigerados e buscamos ser pontuais com o horário de entrega escolhido pelo cliente”, detalha.
Depois da pandemia, o cliente continuou apostando em pedidos on-line. “A partir desse perfil de comportamento, começamos a promover ofertas exclusivas para as compras feitas no digital, além de benefícios de fidelização”, completa.
RETENÇÃO
Outro supermercado que se destaca na região é o Supermercado Amigão, que deu início às operações on-line entre 2018 e 2019. Na pandemia, a empresa passou por um “crescimento exponencial pela necessidade do isolamento, o que fez com que a aderência a esse tipo de serviço fosse acelerado, aumentando as vendas”, explica Eduardo Caballero, gerente de E-commerce. Após a pandemia, a rede teve retenção de 20% a 30% dos consumidores. Anualmente, alcança crescimentos acima de 25% ao ano.
Em Londrina, o supermercado tem apenas um ponto de delivery. No Paraná, são 15. No dia a dia, a empresa enfrenta diversos desafios. Cuidado com alimentos pesados e sensíveis, capacitar as equipes, estabelecer processos de qualidade na escolha dos itens, definir prazos de entrega de acordo com o prometido ao cliente e monitorar os indicadores são os principais pontos citados.
Eles ainda apresentam as principais observações que foram feitas de acordo com as mudanças e preferências dos consumidores, como o aumento da cesta e pedido on-line, ou seja, na medida em que o consumidor acredita e confia mais no negócio, ele aumenta a participação via on-line. Outro ponto é que o consumidor que opta pelo digital compra 2,5x mais por pedido do que o consumidor que prefere a loja física. Além disso, há também a preferência por produtos de linhas premium, como frios e carnes.
DE OLHO NO FUTURO
A Apras ainda pontua que ajustes são necessários e precisam ser constantes para o crescimento do delivery de mercados. “Objetivos de vendas com o canal, tecnologia, desenvolvimento, novos formatos de logística para entrega dos pedidos, atendimento especializado, profissionais específicos na equipe digital e investimentos” são os principais pontos citados.
A Inteligência Artificial também foi citada como participante desse processo, já que pode auxiliar os modelos digitais a adaptarem-se às realidades de consumo dos clientes, personalizando cada vez mais as ofertas conforme o interesse de cada um. “Diante de todos esses desafios e na medida em que forem superados, também a atratividade de novos clientes será uma realidade”, analisa Fabiano Szpyra.