São Paulo – A agência de classificação de risco S&P Global afirmou nesta noite de quinta-feira, 11, que o rebaixamento do Brasil de BB para BB- reflete a fraqueza da economia e as incertezas em relação às eleições de 2018.
"Nossa avaliação reflete um progresso mais lento do que o esperado e um apoio menor da classe política do Brasil para implementar uma legislação significativa para corrigir a estrutura dos gastos em tempo hábil antes das eleições", comentou a agência.
A S&P afirmou ainda que a "ausência de apoio político às reformas diminui resposta sólida após eleições de 2018" e os desenvolvimentos recentes na política "antecipam maior incerteza após as eleições desde ano".
A agência comentou ainda que os escândalos de corrupção recentes elevaram as chances de candidatos de fora da política nas eleições de 2018. "No entanto, estes outsiders evidenciam riscos de aprovação de legislações difíceis no Congresso", pondera a S&P.

Análise
O rebaixamento deve gerar uma correção no câmbio e no preço dos ativos em bolsa nesta sexta-feira, 12, avalia o economista da 4E Consultoria, Juan Jensen. Ainda assim, ele aponta que a reação deve ser "pequena". "O rebaixamento não era esperado neste momento, com o Congresso ainda em recesso. Ainda assim, a maior parte do mercado já não trabalhava com a hipótese de aprovação da reforma da Previdência e o preço dos ativos já refletia esta perspectiva. Vai haver uma correção pequena, com algum impacto em câmbio e bolsa", explicou o economista ao Broadcast.
Para Jensen, o fluxo de capital estrangeiro ao País pode ser mais impactado pela decisão da S&P Global, que apontou a demora do Congresso em aprovar reformas estruturais para melhorar a situação das contas públicas. Desta maneira, ressalta o economista, o dólar deve apresentar valorização na manhã de sexta-feira em relação ao real.
Apesar do rebaixamento, diz Jensen, o quadro fiscal e econômico do País não foi alterado, o que evitaria um possível "efeito manada", com outras agências rebaixando a nota de crédito brasileira. "A situação fiscal é ruim e tende a continuar, não tem novidade neste cenário. A Previdência já era difícil de passar e já sabíamos que seria complicado em 2018", afirma.