Vânia Casado
De Curitiba
A cotação da soja na Bolsa de Chicago atingiu ontem o seu melhor preço nos últimos 360 dias. A soja foi cotada a US$ 5,45 por bushell, o que representa uma alta de 8% nos últimos 30 dias. No final do mês passado, o grão era comercializado por US$ 5,05 por bushell, informa Fernando Muraro, analista da Cotriguaçu. O mercado brasileiro já reagiu e a soja foi negociada ontem por US$ 11,40 a saca no porto de Paranaguá, enquanto há uma semana estava a US$ 11 a saca.
Para o exportador ou produtor essa alta não deverá refletir muito de imediato porque a cotação da moeda norte-americana está em queda. Segundo Muraro, a alta no preço da soja reflete o clima de pessimismo gerado com a divulgação do relatório do USDA (Departamento Norte-americano de Agricultura) sobre a primeira estimativa de plantio da safra 2000/2001 dos Estados Unidos. Apesar do relatório apontar para um aumento da área plantada, o mercado optou pelos indicadores de clima que indicam um período de seca no Meio Oeste americano, onde se concentra a área plantada.
‘‘Em função disso, já começaram as especulações e tudo indica que vai permanecer com bastante volatilidade daqui para frente’’, disse Muraro. Ele afirma que se não chover esse final de semana nos Estados Unidos, as cotações da soja já abrem em alta na Bolsa de Chicago, apesar de o período de plantio iniciar somente em maio. ‘‘É que o mercado já está antecipando a tendência de redução de safra por conta do clima’’, justificou.
Com a elevação no preço, os negócios se intensificaram em Paranaguá. Ontem foram negociados mais de 20 mil toneladas do grão, o que representa uma resposta à melhora do mercado. Para Muraro, essa alta na cotação não poderia vir em melhor hora, porque está começando a intensificar o período de colheita no Brasil.
Além do clima, que por enquanto continua sendo o fator de maior especulação para os negócios na Bolsa de Chicago, o USDA divulgou também a primeira projeção de área plantada nos Estados Unidos na safra 2000/2001. Esse ano deverão ser plantados 30,3 milhões de hectares, um aumento de 3 mil hectares sobre a área plantada no passado, quando a cultura ocupou 30 milhões de hectares. ‘‘A ampliação da área de soja está ocorrendo justamente em função das previsões de clima seco, porque a cultura é mais resistente ao clima que o milho’’, avaliou Muraro.
Outra informação divulgada no relatório que está provocando pressão altista, segundo Muraro, foi o nível dos estoques de soja. O levantamento do último trimestre indica um estoque de 38 milhões de toneladas, abaixo do que o mercado estava esperando e do nível registrado no ano passado, que foi de 39,7 milhões de toneladas. O mercado esperava estoques em torno de 39 milhões de toneladas. ‘‘Isso significa que os Estados Unidos superestimaram a produção ou subestimaram o consumo’’, concluiu.