Consultora de Negócios do Sebrae, Liciana Pedroso enxerga várias possibilidades de análises dos dados da pesquisa Panorama Mulher 2019. Uma delas seria o fato de que a mulher não está focada apenas no trabalho, tendo que dividir seu tempo entre os cuidados com a casa e a família. “As mulheres pensam muito nas outras tarefas. Não se dedicam somente ao trabalho. Os cargos tomam um tempo de dedicação muito maior do que as oitos horas de trabalho”, disse. “As mulheres têm um nível de escolaridade maior, mas têm tempo de dedicação menor.”

Para contornar essa desvantagem em relação aos homens, defende a consultora, é fundamental que as mulheres construam uma rede de apoio formada por pessoas com quem elas possam dividir as tarefas e evitar a sobrecarga de atividades. “Essa rede deve incluir o marido, claro, mas também pode ser um irmão, uma mãe, a sogra, uma funcionária. Às vezes a mulher tem condição de pagar (por uma funcionária), mas não delega tarefas. A rede de apoio é importante, mas ela também precisa saber delegar e dividir. Culturalmente, vão jogando toda a carga na gente e a gente vai carregando e vai abrindo mão de outras coisas. Temos que aprender a mudar para podermos evoluir.”

Outra questão desfavorável às mulheres, aponta a consultora, é o menor envolvimento delas com as entidades da sociedade civil organizacional e em grupos de discussão. “Isso deixa as mulheres um passo atrás porque na hora de a empresa decidir (pelas promoções), acaba optando por quem está inserido nos grupos em que as mulheres não estão envolvidas”, avaliou Pedroso.