Os servidores do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater) cruzaram os braços nesta manhã de quarta-feira (17) em Londrina, em reivindicação à manutenção dos direitos trabalhistas, qualidade dos serviços prestados e recuperação salarial. O movimento dos trabalhadores é para que o corpo diretor do IDR-PR e Governo do Estado se abram à negociação a respeito de um plano de carreira único, diferente do que está sendo proposto.

De acordo com o presidente do Sindpar (Sindicato dos Servidores Públicos na Agropecuária do Estado do Paraná), Ricardo Moura, a decisão pela greve ocorreu no dia 10 de fevereiro e até o momento não houve nenhuma inclinação da direção do órgão para uma negociação entre as partes.

Pela manhã, um grupo de servidores se reuniu em frente ao Instituto e faixas foram fixadas nos muros e portões de acesso. Segundo Moura, desde a fusão do Iapar, o Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), a Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná) e o CPRA (Centro Paranaense de Referência em Agroecologia), que resultou no IDR-PR, no final de 2019, os servidores estão lutando por um plano único, "mas a proposta que vem sendo apresentada seria de um novo e terceiro plano de carreira, considerando os planos vigentes do Iapar e do Emater".

“Essa nova proposta tira a paridade dos aposentados que estão vinculados ao antigo plano de carreira e extingue o cargo dos auxiliares de pesquisa, que são especializados e constituem uma mão de obra qualificada e indispensável. Também há uma ameaça aos salários, pois acreditamos que haverá uma redução salarial. Não faz sentido criar um plano de carreira se não for para recuperar perdas salariais”, diz.

Ao propor um plano único, o Sindpar espera que haja uma recuperação dos salários que, segundo Moura, tem hoje uma defasagem de mais de 30%. “Estamos há mais de seis anos sem nenhuma recuperação”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Servidores do IDR-PR entram em greve em Londrina
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

Ainda de acordo com o Sindicato, a adesão na greve nesta data é de 85% na área de pesquisa e 38% na extensão rural. “Temos em torno de 740 pessoas paradas em todo o Estado, em outras unidades do IDR também, como em Santa Tereza do Oeste, Santa Helena, Ponta Grossa, Curitiba, entre outros”, cita.

O IDR-PR possui atualmente, cerca de 870 servidores ativos e 1.200 aposentados e pensionistas. Quanto ao número de auxiliares de pesquisa, são aproximadamente 200. Um deles é Alessandro Zamberlan, que atua no setor de plantas medicinais. “Estamos tentando uma negociação há anos, mas sem respostas tivemos que chegar à greve. Nosso papel é muito importante e aos poucos, nosso trabalho vem sendo repassado a terceirizados. A questão é que muitos deles não se adaptam ou têm pouca experiência. A rotatividade acaba sendo muito grande e isso prejudica a pesquisa”, comenta.

Zamberlan foi contratado há 12 anos e afirma que o quadro vem sendo reduzido a cada ano. “Quando entrei, havia quase 400 auxiliares e hoje estamos em pouco mais de 120 em todo o Estado”. O pesquisador Paulo Guilherme Ribeiro, servidor há 40 anos, acrescenta que se for mantido o plano de carreira que está sendo proposto haverá um desestímulo aos aposentadores e demais servidores, especialmente pesquisadores, que dependem do trabalho dos auxiliares. “A proposta que está sendo apresentada aumenta em muito o tempo necessário para que os servidores subam na carreira, ele modifica sistemas baseados em titulação, entre outras coisas. O que eles estão fazendo é o fim da carreira técnico-científica”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Servidores do IDR-PR entram em greve em Londrina
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

O técnico em Agropecuária, José Alves de Azevedo, destaca que antigamente contava com oito auxiliares para o desenvolvimento de pesquisa na área do café. “Hoje é zero. Conto com terceirizados, mas a segurança e qualidade do trabalho cai porque, de tempos em tempos, temos que treinar essas pessoas. Já os auxiliares têm anos de experiência. Esse é um momento de ameaça à pesquisa”, enfatiza.

Durante o movimento dos servidores nesta manhã, a direção do IDE-PR se reuniu para debater a questão. A FOLHA entrou em contato com a assessoria de imprensa do órgão e aguarda um retorno.

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