Imagem ilustrativa da imagem Servidores do IDR aprovam indicativo de greve para 5 de agosto

Servidores do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater) deliberaram, na manhã desta sexta-feira (30), pelo indicativo de greve da categoria com início na próxima quinta-feira, dia 5 de agosto. A decisão é uma forma de tentar pressionar o governo do Estado a negociar a criação do Plano Único de Carreira do órgão de pesquisa e extensão rural. As propostas apresentadas pela direção do instituto até o momento, afirma a categoria, prejudica todos os trabalhadores.

Segundo o Sindpar (Sindicato dos Servidores Públicos na Agropecuária do Estado do Paraná), a direção do IDR-PR propõe transformar os salários dos profissionais em subsídios, aos quais seria incorporado o tempo de serviço, e acabar com anuênios e quinquênios, pondo fim a direitos conquistados, precarizando os cargos e pondo em risco a ciência e a tecnologia. “Não vai haver mais carreira de pesquisador, não vai haver mais carreira de técnico e, com esse plano único de carreira, os trabalhadores estão, além de surpresos, muito revoltados”, disse o presidente do sindicato, Ricardo Moura.

O sindicalista disse ainda que, até agora, nenhuma proposta apresentada pelo sindicato foi incluída na negociação. “O governo não está negociando. Ele simplesmente apresenta a proposta.”

O IDR-Paraná foi criado em 2019, a partir da fusão do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) e Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e, desde então, o sindicato reivindicava a criação de um plano único de carreira. Há dois meses, o governo sinalizou com a proposta, mas os termos do plano desagradam a categoria.

O presidente do Sindpar afirmou que haveria um PDV (Plano de Demissão Voluntária) no qual o governo estadual investiria R$ 90 milhões, o que considera um contrassenso em razão da alegação do Estado de que não teria recursos para pagar benefícios em atraso. “A gente não sabe nada sobre esse PDV, só sabemos que tem esse plano. Estamos precisando de funcionários, o governo diz que não tem dinheiro para pagar o que nos deve e vai investir quase R$ 100 milhões num plano para demitir pessoas em vez de utilizar o dinheiro na contratação.”

O sindicato calcula em cerca de 600 o deficit de servidores. O desfalque no quadro de profissionais aconteceu por causa das aposentadorias e também de exonerações, o que estaria prejudicando as pesquisas e o trabalho de assistência técnica oferecido principalmente aos agricultores familiares. De acordo com Moura, muitos servidores deixaram o IDR atraídos por melhores ofertas de salário da iniciativa privada. “Existem escritórios de extensão rural que estão fechados porque não tem técnico para trabalhar e aí, naquela localidade, a agricultura familiar está desassistida.”

Há 40 anos atuando no instituto, o engenheiro agrônomo e pesquisador Paulo Guilherme Ribeiro disse que desde o início da fusão apontou a dificuldade que o governo teria para ajustar quatro regimes estatutários distintos. “Vários colegas que estão no meio da carreira estão preocupados. Esse desmonte que está ocorrendo vai gerar um desestímulo”, destacou.

Paralelamente aos retrocessos nas questões salariais, Ribeiro ressalta os prejuízos no campo. “Há um risco que parece que é orquestrado. Quando você vai desfazendo essa capacidade produtiva de conhecimento e de tecnologia de uma instituição pública que teria meio século de excelentes serviços prestados à agricultura paranaense e brasileira, parece que a intenção é inviabilizar o serviço público.”

Por meio de nota encaminhada por sua assessoria de comunicação, a presidência do IDR-Paraná informou que o novo Plano Único de Carreira está previsto na lei de criação do instituto, mas garantiu que nenhum servidor terá prejuízo algum. “O novo plano está ajustado à política salarial do Estado e todas as ações estão pautadas na legalidade”, disse a nota. O órgão reforçou ainda que todos os direitos adquiridos pelos servidores estão preservados.

A reportagem não conseguiu contato com a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento.