O volume do setor de serviços no país avançou 1,2% em maio, na comparação com abril, e voltou a ficar acima do patamar pré-pandemia. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (13) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O avanço de 1,2% foi o maior para o mês desde o começo da série histórica, com dados a partir de 2011.

Em Londrina, o movimento de passageiros saltou de 16.113 para 20.714 pessoas em embarques e desembarques, um aumento de 28,5% de abril para maio
Em Londrina, o movimento de passageiros saltou de 16.113 para 20.714 pessoas em embarques e desembarques, um aumento de 28,5% de abril para maio | Foto: Gustavo Carneiro/7-4-2021

Segundo o IBGE, o setor ficou 0,2% acima do nível pré-crise, registrado em fevereiro de 2020. Esse patamar já havia sido alcançado em fevereiro deste ano. Contudo, a piora da pandemia gerou novas restrições, abalando serviços diversos em março.

No Paraná, a alta ficou abaixo do registrado em nível nacional, mas ainda no terreno positivo. Em maio, o Estado teve crescimento de 0,2% na comparação com o mês anterior.

Em relação a maio de 2020, o setor teve alta de 23% em todo o País - 13,4% no Paraná, índice que coloca o Estado entre os que tiveram maior crescimento no Brasil. A alta expressiva é justificada pela base de comparação muito depreciada, dado que naquele período o país sofria o baque inicial da pandemia.

Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 21,9% nessa base de comparação.​

A prestação de serviços foi atingida em cheio pela Covid-19 porque reúne atividades que dependem da circulação de clientes, contato direto e aglomerações. Entre elas, estão operações de hotéis, bares, restaurantes e eventos.

Após despencar no começo da crise sanitária, o setor ensaiou retomada ao longo de 2020. No entanto, deu sinais de perda de fôlego com a redução de estímulos à economia e o avanço da Covid-19 na largada de 2021.

"O setor vinha mostrando boa recuperação, mas, em março, com um novo agravamento do número de casos de Covid-19, governadores e prefeitos de diversos locais do país voltaram a adotar medidas mais restritivas, afetando o funcionamento das empresas de serviços. Em abril e maio, essas medidas começam a ser relaxadas e o setor volta a crescer", analisou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

Conforme o instituto, o volume de serviços seguiu no vermelho no acumulado em 12 meses. Até maio, a baixa foi de 2,2% no Brasil. Já nos primeiros cinco meses de 2021, houve elevação de 7,3%. No Paraná, o aumento foi de 2,8%.

Na visão de Lobo, além das restrições menores, a vacinação contra a Covid-19 também vem favorecendo os negócios.

"À medida que a vacinação avança, a gente observa maior flexibilização e maior confiança das famílias para consumo de serviços como os de restaurantes e hotéis. A gente já percebe um avanço nas receitas de serviços prestados às famílias", ressaltou.

DESAFIOS

Por outro lado, o alto nível de desemprego e a perda de renda na pandemia desafiam a recuperação dos negócios, ponderou Lobo. Segundo o IBGE, o setor de serviços opera 11,3% abaixo do recorde histórico, alcançado em novembro de 2014.

"A gente sabe que a pandemia trouxe restrições de renda. Isso vai funcionar como um impeditivo para as famílias, mas, por ora, com a base deprimida, há espaço para crescimento [de serviços]", pontuou. (com Folhapress)

Empregos reagem no setor de serviços

Apesar do alto nível de desemprego, os dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam para um crescimento no emprego com carteira assinada em maio de 2021, com saldo positivo de 280,6 mil postos de trabalho, segundo levantamento do NuPEA (Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas) da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal), campus Londrina.

O Paraná foi o Estado com o 4º maior saldo de empregos (15,9 mil), com alta de 0,56% na comparação com o mês anterior. Londrina teve um mês atípico com o desligamento de mais de 800 trabalhadores de uma empresa de serviços de contact center. O evento fez com que a cidade fechasse o mês com saldo negativo de 138 postos de trabalho.

O setor de serviços, com isso, ficou com saldo negativo de 665 empregos em Londrina. "Caso fosse retirada a participação destes desligamentos do total, teríamos uma noção mais clara de que realmente o setor de serviços também vem reagindo no embalo dos demais setores. Excluindo-se estes desligamentos, teríamos a geração de mais de 1.000 postos de trabalho na cidade no setor de serviços", explica o economista Marcos Rambalducci, coordenador do NuPEA.

Para ele, a geração de empregos no setor de serviços vem a reboque da reação da Indústria da Transformação e da Construção Civil em Londrina. "No momento em que estes setores passam a gerar novos postos de trabalho, dinamizam a economia e levam à necessidade de maiores postos de trabalho no comércio e na prestação de serviços."

Transporte cresce com queda no preço das passagens

Em maio, a alta de 1,2% frente a abril no volume de serviços do País foi acompanhada por três das cinco atividades investigadas. Os destaques foram transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3,7%), que têm o segundo maior peso no índice geral (32,8 pontos percentuais). Essa elevação teve impacto da queda no preço das passagens aéreas, além do aumento da demanda nesse ramo.

Serviços prestados às famílias (17,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1%) também tiveram desempenho positivo. Em contrapartida, informação e comunicação (-1%) e outros serviços (-0,2%) apontaram os únicos resultados negativos no quinto mês do ano.

Os embarques e desembarques nos aeroportos administrados pela Infraero tiveram crescimento de 40% de abril para maio, passando de 1,5 milhões para 2,1 milhões de passageiros. Em Londrina, o movimento de passageiros saltou de 16.113 para 20.714 pessoas em embarques e desembarques, um aumento de 28,5% de abril para maio.

O incremento no número de passageiros foi percebido por Sérgio Abrão, dono de uma confeitaria, que também foi beneficiado pelo movimento. "Com relação à pré-pandemia, estamos com 40% a 50% do movimento. Para quem não tinha praticamente nada nos últimos seis meses, melhorou um pouco sim", ele comenta.

No final do ano passado, as lojas do aeroporto chegaram a fechar em protesto por redução nos valores dos aluguéis. Com a queda brusca do movimento em razão da pandemia, os empresários tiveram dificuldades para pagamento da despesa. Hoje, os lojistas ainda pleiteiam redução no valor do aluguel proporcionalmente ao movimento do aeroporto.

A reação do setor de serviços também é sentida nos hotéis. O administrador de um hotel de Londrina, Luiz Afonso Giglio, conta que a ocupação se aproxima mais do nível pré-pandemia, de cerca de 60%. Em março, com o agravamento da pandemia, a ocupação chegou a cair para 30%, mas subiu para cerca de 45% em junho. "As pessoas já estão tendo de fazer negócios, viajar. Mesmo a lazer, temos recebido pessoas da região e do interior de São Paulo", afirma Giglio. (com Folhapress)