Betânia Rodrigues
De Londrina
Especial para a Folha
A Sercomtel estuda a sua associação com duas empresas de telefonia internacionais para participar da disputa pela compra da Companhia Riograndense de Telecomunicação (CRT). A Telefónica, acionista majoritária da empresa gaúcha, tem até o dia 4 de fevereiro para transferir as suas ações por exigência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) quando a Telefónica adquiriu o controle do serviço no Estado de São Paulo.
Pelas regras da Anatel, só poderão pleitear as ações da CRT empresas que já atuem na região Centro-Sul. Além da Sercomtel, fazem parte desse grupo a Companhia de Telecomunicação do Brasil Central e a Tele Centro-Sul, que já possui 8,01% das ações da CRT.
A Telefónica anunciou esta semana o valor mínimo pelo qual vende a CRT, mas o número só foi revelado para as empresas interessadas no negócio. A expectativa do mercado é de que a transação supere os R$ 2 bilhões. O presidente da Sercomtel, Rubens Pavan, não confirma a informação e limita-se a dizer que a quantia é ‘‘muito alta’’. Segundo ele, todas as informações técnicas sobre a CRT não poderão ser divulgadas até que a venda seja consumada. ‘‘Isso é um acordo assumido entre os envolvidos’’, disse ontem à Folha.
As outras duas concorrentes confirmam o trato. Pavan, no entanto, afirmou que todas deverão apresentar suas propostas até a próxima segunda-feira em envelopes fechados. Com relação às duas empresas que pretendem dividir com a Sercomtel as ações da CRT, Pavan disse apenas que ‘‘já são atuantes no País’’ e que a parceria está sendo analisada com muito cuidado. ‘‘Estudamos a compra da CRT desde que a Anatel anunciou a decisão. Durante esse período fomos procurados por vários grupos interessados’’.
Caso a oferta da Sercomtel vença a concorrência, a empresa assumirá a gerência da CRT, apesar de ter sócias. Segundo Pavan, ‘‘a CRT equivale hoje a 10 Sercomtéis’’ e sua aquisição é fundamental na preparação da empresa para a abertura do mercado de telefonia fixa e à longa distância a partir de 1º de janeiro de 2002.
Até lá, a Sercomtel precisa cumprir 21 metas estipuladas pela Anatel. Na busca deste objetivo, ela pretende investir este ano R$ 8,1 milhões na área de engenharia e colocar em serviço mais 20 mil linhas, além das 144,7 mil já em operação. A empresa planeja também expandir a capacidade das centrais e instalar 28 novos armários ópticos que levarão a fibra óptica a, no máximo, 250 metros da casa do cliente. De acordo com Pavan, a intenção é reduzir o espaço de atuação da Global Village Telecom, que deve começar a operar até o final do ano na telefonia fixa na região Centro-Sul.
Concorrente da Sercomtel na compra da CRT, a CTBC ainda avalia o preço mínimo estipulado pela Telefónica. ‘‘A CRT não estava no planejamento estratégico da Algar Telecom, mas tornou-se uma oportunidade que resolvemos analisar. Se o valor pedido não for considerado justo, não vamos participar’’, disse José Mauro Leal Costa, vice-presidente executivo da Algar Telecom, detentor majoritário da CTBC.
A Tele Centro-Sul preferiu não comentar o assunto ontem. Segundo sua assessoria de imprensa, a companhia não pensa em procurar um sócio para disputar a companhia gaúcha. Atualmente, 38% do seu capital pertence à Telecom Itália.

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