Imagem ilustrativa da imagem Ser leniente com a inflação não é opção
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Na quarta-feira (2), o Banco Central anunciava a já esperada alta na taxa básica de juros para dois dígitos a10,75% ao ano na busca por conter a inflação que também encerrou 2021 com dois dígitos a 10,06 %.

Situação muito semelhante ao restante das economias mundiais que também precisarão atuar de forma imperativa.

A perda do poder de compra...

Inflação suga o dinamismo da economia na medida que diminui a capacidade de compra do dinheiro obrigando o setor produtivo a se ajustar a um patamar menor de demanda e o faz diminuindo postos de trabalho.

... na base das mazelas econômicas...

Ao diminuir postos de trabalho, seja de forma direta - quando demite empregados, seja de forma indireta -quando diminui a compra de insumos obrigando as empresas fornecedoras a demitirem, está criado um círculo vicioso que retroalimenta a queda na demanda, estabelecendo o caos econômico.

... exige atuar para reequilibrar ...

Para estancar esse processo é necessário ‘obrigar’ a economia a consumir menos durante um tempo, de maneira a buscar igualar a quantidade consumida com a quantidade produzida e assim evitar a pressão nos preços.

... usando as ferramentas que temos

Nossa economia é uma economia de mercado, então as soluções para ‘obrigar’ uma diminuição no consumo tem que ser engendradas sob o abrigo das leis de oferta e demanda.

Entender suas limitações ...

Como no curto prazo não dá para aumentar a oferta (produzir mais requer tempo) é preciso então diminuir o ‘ímpeto’ de consumo. A grande ferramenta que tem o Banco Central para diminuir esse ‘ímpeto’ é a taxa de juros.

... e saber utilizá-las...

Ao aumentar a taxa de juros, o Banco Central deixa mais atrativo utilizar o dinheiro para ganhar esses juros do que utilizá-lo para comprar. Assim a atuação do Banco Central é no sentido de tornar mais atrativa a demanda por títulos do governo do que a demanda por bens e serviços.

... prevendo seu comportamento ...

Este movimento gera três reações que atuam no combate a inflação: a primeira é desviar o dinheiro do consumo de bens e serviços para aplicações financeiras.

... tanto de um lado...

A segunda é encarecer o crédito, tanto para consumidores finais quanto para as empresas, o que reduzirá a pressão sobre os preços porque diminui a disposição de tomar dinheiro emprestado para comprar.

... quanto de outro

E a terceira é a redução na taxa de câmbio - taxas de juros mais altas atraem dólares e mais dólares ajudam a valorizar nossa moeda. Uma valorização do Real torna mais atrativo vender no mercado interno do que exportar e diminui os custos dos insumos importados.

Maior oferta de produtos no mercado interno e redução no custo dos insumos importados se soma às outras consequências no sentido de diminuir a inflação.

No veneno o antídoto

É notório que o controle da inflação se faz mediante a diminuição da demanda, o que é recessivo por excelência, mas a cada 1% de queda na inflação, aumenta 1% o poder de compra do dinheiro o que gera estímulo para a economia.

E como disse, no curto prazo não dá para aumentar a produção, precisamos então atender esse aumento da demanda por meio das importações até que se reestabeleça novamente o equilíbrio.

Pensa nisso

Usar os instrumentos próprios de uma economia livre é muito mais inteligente do que tentar impor sansões a quem exporta ou utilizar de outros meios heterodoxos para proteger nossa economia.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras