Brasília - O Ministério da Fazenda traçou um cenário apocalíptico para a economia brasileira nos próximos quatro anos, caso reformas fiscais e microeconômicas não sejam aprovadas pelo novo governo. O documento de 97 páginas, intitulado "Panorama Fiscal Brasileiro", foi entregue ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e traça cenários até 2022 que consideram a aprovação ou não de um grande arsenal de medidas para o aumento de receitas e a redução de despesas.
No cenário sem nenhuma reforma, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceria apenas 0,7% em 2019, chegando a cair 0,5% em 2020. Em 2021 e 2022, o crescimento da economia brasileira não passaria de 0,6% e 0,4%, respectivamente.
Em um cenário com reformas fiscais e microeconômicas, a alta do PIB seria de 2,6% em 2019 e 2,9% em 2020. Com o impulso na produtividade, o crescimento da economia alcançaria 3,4% em 2021 e 3,5% em 2022.
Os cenários traçados pelo Ministério da Fazenda também mostram o impacto das reformas fiscais e microeconômicas em outros indicadores. A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, saltaria para 7,5% já no próximo ano em um cenário sem medidas, ou ficaria em 4,2% - mais próxima da meta - caso as reformas andem em 2019. Para 2022, a inflação ficaria em 6,3% no pior cenário ou em 3,7% no melhor.
Da mesma forma, a taxa básica de juros (Selic) precisaria subir a 13,4% em 2022 para conter a alta de preços em um cenário sem reformas. Com as medidas aprovadas, os juros ficariam estabilizados em 7% ao longo dos próximos anos.
A Fazenda também aponta que a taxa de câmbio poderia chegar a inéditos R$ 5,24 em 2022 caso o novo governo não leve adiante a agenda de reformas na economia. Com as medidas aprovadas, porém, o dólar deve ficar em R$ 3,28 daqui a quatro anos.