Uma pesquisa realizada pelo Londrina Convention & Visitors Bureau apontou que R$ 11 milhões deixaram de circular na economia local em razão do cancelamento de 105 eventos programados para este primeiro semestre. Cinquenta e dois segmentos deixaram de lucrar, entre garçons, DJs, palestrantes, taxistas.

Imagem ilustrativa da imagem Sem eventos, R$ 11 milhões deixaram de circular na economia local, aponta pesquisa
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Um grupo de profissionais liderado pelo Londrina Convention & Visitors Bureau e do qual fazem parte representantes de instituições de governança do turismo do município trabalha na estruturação de um plano para que os eventos voltem a acontecer. “A gente vem se reunindo para definir protocolos de segurança para a retomada dos eventos”, disse a presidente do Londrina Convention, Daiana Bisognin Lopes.

A intenção é retomar as atividades do setor com eventos para até 50 pessoas e ir aumentando, gradativamente, o número de participantes. Na última sexta-feira (15), o grupo reuniu-se com o prefeito Marcelo Belinati para apresentar dados que possam ajudar a construir um projeto para retorno das atividades sociais. A intenção é municiar a administração municipal de informações que possam embasar uma decisão favorável do Coesp (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública). “O nosso setor movimenta muitos recursos e fornecedores. A gente não pode ficar esperando”, ponderou a presidente do Londrina Convention.

“Na reunião, o prefeito se mostrou aberto sobre a volta gradual dos eventos assim que a situação da pandemia estiver sob controle”, disse Lopes. A entidade trabalha na elaboração de um manual para a realização dos eventos com segurança que deverá ser analisado pelo Coesp. “A volta deve ser no segundo semestre.”

Alternativas

Um levantamento feito pelo Sebrae mostrou que a pandemia do novo coronavírus afetou 98% do setor de eventos. Mesmo com o afrouxamento, aos poucos, das medidas de isolamento social, o setor deve ser um dos últimos a ter autorização para retomar as atividades. Em Londrina, uma pesquisa realizada no mês passado pelo Londrina Convention & Visitors Bureau com empresários apurou que a quarentena fez despencar o faturamento dos profissionais de eventos. Quase metade deles teve queda de 71% a 100% na receita. Para tentar diminuir os prejuízos, trabalhadores têm buscado alternativas de fonte de renda.

O fotógrafo Marcos Guira estava com 13 eventos confirmados até outubro, mas todos eles foram adiados por causa da pandemia. Dos 13 contratos, apenas dois foram pagos. As agendas de novembro e dezembro estão mantidas, por enquanto, mas Guira não descarta a possibilidade de ter que adiar os eventos também. “Nem é tanto pela pandemia, mas sim pelos contratantes, que também sofrerão com essa parada, o que prejudica o financeiro deles. Alguns têm medo de não honrar os compromissos com todos os fornecedores envolvidos na área de casamento e aí vão preferir transferir para o próximo ano”, disse o fotógrafo.

Para enfrentar a queda no faturamento, além de contar com a ajuda da esposa e de reservas financeiras, Guira adaptou o seu estúdio para fotografar produtos para e-commerce. “A área está em expansão. Tem mercado para isso, mas comecei há apenas 15 dias e obtive dois clientes até agora. Está começando, mas acredito que vai render frutos daqui em diante.”

Organizadora de eventos, Giselle Amancio também tenta encontrar novos caminhos profissionais para contornar a crise. “O último evento que fechei foi há poucos dias, mas eu já estava em contato com a cliente desde janeiro. Ela deixou para fechar em março, entrou toda essa loucura e o contrato já estava pronto. Era só assinar e fazer o pagamento. Ela pagou em maio, mas o evento é para junho do ano que vem”, contou. “Está sendo muito difícil porque quem estava pensando em fechar eventos agora, vai esperar mais um pouco.”

Enquanto os eventos não são liberados, Amancio vê na venda de cursos por meio de uma plataforma online uma alternativa de renda, mas essa seria uma atividade totalmente nova para ela e que requer um tempo de planejamento. “As contas chegam, estou usando minhas reservas e tem clientes que estão prorrogando pagamentos. Era para pagar no mês passado e está entrando neste mês. Já me programei para um período até o final do ano, mas estou buscando outros meios.”

Amancio espera que até setembro a situação se normalize, mas acredita que os eventos agendados para julho e agosto não poderão acontecer. “Estou conversando com a minha cliente de julho, preparando para dar a notícia. Nesse momento a gente vira até psicóloga, principalmente com debutantes, que têm mais dificuldade de aceitar.”

Segundo pesquisa feita pelo Londrina Convention & Visitors Bureau com 240 empresas do setor de eventos, divididas em 34 segmentos, em 2019 elas tiveram, juntas, um faturamento de R$ 96,33 milhões e geraram 613 empregos diretos e indiretos. Em 2020, o faturamento deve ter uma redução considerável. Um outro levantamento realizado pela entidade apontou que 32% das empresas consultadas tiveram redução de receita entre 71% e 90% e 14% reduziram de 91% a 100%. A maioria dos entrevistados era organizadores de eventos.

“Tem muita gente renegociando os pagamentos. Meu faturamento caiu para cerca de 30%”, disse Nicholas Hugh Thomas, proprietário de um bufê e de uma empresa de formaturas. Segundo ele, o segmento de eventos corporativos foi o mais impactado e o que teve mais cancelamentos. Os eventos sociais ainda estão sendo reagendados. Thomas contou que desligou 25% da equipe do bufê e os que ficaram, tiveram os contratos de trabalho suspensos. “Eu não tenho mais expectativa de prazo. Espero poder voltar quando for possível realizar eventos com segurança. Quando houver segurança no sistema de saúde e indicadores de redução de casos (de coronavírus) e de mortes em Londrina.”