Sem eventos, buffets de Londrina lutam para manter espaços
Negociação de aluguel, locação de equipamentos, delivery, venda de eventos futuros são alternativas que estão sendo adotadas, mas fôlego está acabando, dizem empresários
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segunda-feira, 08 de março de 2021
Negociação de aluguel, locação de equipamentos, delivery, venda de eventos futuros são alternativas que estão sendo adotadas, mas fôlego está acabando, dizem empresários
Mie Francine Chiba - Grupo Folha
Os imponentes salões onde antes eram realizados casamentos, formaturas e outros eventos na cidade estão há um ano vazios. As medidas de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus primeiro restringiu o número de pessoas em reuniões, e agora o lockdown esvaziou totalmente os recintos.
Sem eventos e sem renda, buffets de Londrina lutam para manter os espaços aguardando a retomada das atividades do setor de eventos, diante de um cenário obscuro e com pouca perspectiva.
Na Av. Harry Prochet (Região Sul), o salão do Buffet Elite dará espaço a mais uma unidade do supermercado Viscardi, previsto para inaugurar na primeira semana de maio. Embora o buffet continue com o CNPJ ativo, com prestação de serviços em pequenos eventos e locação de materiais para festas, a pandemia colocou a empresa em modo de espera com a realização de grandes eventos.
Este mês, completa-se um ano desde que o último casamento foi realizado no salão, comprometendo o pagamento do aluguel do espaço. Após muita reflexão, devido aos altos custos mensais, tanto de aluguel como de colaboradores, a proprietária do buffet Silvana Chinezi tomou a decisão de desocupar o salão de mais de 3 mil metros quadrados após quase 30 anos, para que o novo inquilino pudesse se instalar.
Para Chinezi, a tristeza de ceder o local é grande, mas antes isso do que deixar o local vazio. "O intuito era que fossem quatro paredes com gente festejando. Não vai ter festa, mas o espaço vai sobreviver e renascer em outro corpo. O foco agora é pensar em estar viva. A preocupação é proteger meu pai, minha mãe e me proteger, esperar o que o futuro vai nos presentear."
Segundo Daiana Bisognin Lopes, presidente do Londrina Convention Bureau, a situação desse ramo de negócios é "desesperadora". "Está extremamente difícil, os buffets não estão conseguindo realizar a sua principal atividade que são os eventos sociais e corporativos." Antes do lockdown, uma das alternativas oferecidas a esses negócios por meio de decreto era funcionar como restaurante. "Também não ajuda muito porque é outro perfil de trabalho e demanda custo", afirma Lopes. "A gente sabe que não é o momento agora, especialmente nesta semana, mas precisa haver alternativas", ela continua.
Conforme a presidente do Londrina Convention, o setor de eventos está sendo punido pela realização de eventos clandestinos, que acontecem sem qualquer norma de segurança. "A impressão que dá é que todo evento é aquela aglomeração, e muito pelo contrário. Os profissionais, buffets que vão organizar eventos seguem as normas de segurança, é tudo controlado. Enquanto não houver liberação, vão acontecer festas clandestinas e setor paga essa conta."
SEM FÔLEGO
Também da família Chinezi, o Buffet Planalto tem três amplos espaços em Londrina: um com capacidade para 800 pessoas, um com capacidade para 1.000 e outro para 1.500. Dois deles pertencem à família, mas o terceiro, localizado na Chácara Graciosa é alugado.
A negociação do pagamento do aluguel deu um pouco de alívio ao buffet, mas o proprietário Ronaldo Chinezi afirma que o fôlego já está acabando. "A gente está fazendo delivery, montamos restaurante, mas não está dando, está bem difícil. Não fazemos festa há quase um ano." Entre intermitentes e fixos, o buffet tem 100 uma equipe de 100 funcionários que por enquanto é mantida.
SEM AUXÍLIO
Com dois espaços alugados para manter - um com 800 metros quadrados e capacidade para 400 pessoas e outro com 700 metros quadrados e capacidade para 600 -, o Möress Buffet precisou negociar o aluguel com o proprietário, conta Nicholas Hugh Thomas, dono do negócio.
As demissões foram outra consequência. "A gente mandou muita gente embora. Conseguiu negociar o aluguel com o dono do imóvel, mas não tivemos nenhum auxílio da prefeitura ou do governo estadual. Do federal tivemos o programa de redução e suspensão da jornada de trabalho, mas do estadual e municipal não tivemos nada."
Para se manter, a empresa continua fazendo vendas para casamentos futuros. "O faturamento não foi reduzido a zero porque fazemos parte de um grupo com outras empresas que ajudam a bancar", acrescenta Thomas.
A vacinação, para ele, ainda não pode ser considerada a salvação do setor. "Trouxe uma luz no fim do túnel, mas que parece muito distante para nós. Enquanto outros setores da economia funcionam quase que normalmente, o nosso não tem perspectiva nenhuma de voltar."
Supermercado inaugura 11ª loja em Londrina
Na Av. Harry Prochet, onde antes era o Buffet Elite, será inaugurada a 11ª loja do Viscardi em Londrina, e a 12ª da rede. O supermercado terá padrão premium, semelhante ao do estabelecimento localizado no bairro Alphaville, afirma o superintendente da rede, Adolfo Viscardi. "Ficamos muitos tristes (com o fechamento do salão do Buffet Elite), era um buffet tradicional de Londrina. Vai fazer muita falta, mas por outro lado, ficamos felizes de dar continuidade ao empreendimento que existe ali."
Segundo ele, a ampla cozinha do imóvel vai abrigar a rotisseria do supermercado, que vai oferecer pratos prontos embalados e preparados com cozimento a vapor. A ideia é que a cozinha concentre toda a produção da rede para esse tipo de produto.
O local vai passar por reforma completa e a previsão é que a inauguração do novo supermercado aconteça na primeira semana de maio. Cerca de 60 empregos diretos serão gerados com a nova loja.