Imagem ilustrativa da imagem Selic desce ao nível mais baixo da série histórica



Os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiram, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica de juros) em 0,25 ponto porcentual, de 7% para 6,75% ao ano. O corte, anunciado nesta quarta-feira (7), pela instituição, foi o 11º consecutivo. O movimento colocou a Selic no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

Com o corte de 0,25 ponto da Selic, o Banco Central deu continuidade ao processo de desaceleração do ritmo do atual ciclo monetário, como vinha sinalizando em suas comunicações.
A decisão desta quarta era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 72 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 69 esperavam corte de 0,25 ponto porcentual da Selic, para 6,75% ao ano. Uma casa projetava corte de 0,50 ponto porcentual, para 6,50% ao ano, e duas instituições esperavam pela manutenção da Selic em 7% ao ano.

No comunicado que acompanhou a decisão, a instituição afirmou que a evolução do cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de flexibilização tornaram adequada a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual.

O BC sinalizou ainda que, para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Copom deve interromper o ciclo de cortes na Selic. "Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos", ponderou a autoridade monetária.

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"O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação", completou o colegiado.
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado - que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro -, o BC manteve suas projeções para o IPCA em 2018 e 2019, ambas em 4,2%. A autoridade monetária não divulgou projeção para a inflação de 2020.

Economistas afirmam que a redução da taxa associada à inflação baixa poderá aumentar o poder de compra do brasileiro
Economistas afirmam que a redução da taxa associada à inflação baixa poderá aumentar o poder de compra do brasileiro | Foto: Gustavo Carneiro/4-01-2018



CONSUMO
Os economistas afirmam que a redução de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros associada com uma inflação baixa aumentará o poder de compra do brasileiro. O custo dos empréstimos deverá ser menor e a tendência é a expansão do crédito por parte das instituições financeiras. Com o consumo em alta, a perspectiva é de que a produção cresça e haja uma propensão maior de investimentos que favoreçam o mercado de trabalho.

Porém, esses efeitos benéficos devem chegar com uma certa defasagem de tempo, segundo o professor Pedro Raffy Vartanian, coordenador do curso de mestrado profissional de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele acredita que esta seja a última redução da taxa em 2018 e também o fim do ciclo de queda, que começou em outubro de 2016. "Ainda este ano a taxa deve começar a subir", projeta o professor.

CRÍTICAS
O presidente do Conselho Federal de Economia, Wellington Leonardo da Silva, faz duras críticas ao Banco Central. Ele considera que o Copom atende aos interesses das instituições financeiras e não do cidadão. "Não vai mudar nada na vida do cidadão comum. Se você fizer uma pesquisa daqui uns 40 dias, a taxa do cartão de crédito vai continuar na casa dos 400% ao ano. A taxa dos financiamentos não vai ter caído 0,25%. A taxa de juro sobe ou desce conforme a pressão dos banqueiros. A equipe do Banco Central não pensa o futuro da ótica de política econômica", afirma Silva.

Ele defende uma redução contínua da Selic. "Países como os Estados Unidos souberam sair da recessão e chegaram a taxas negativas. A situação para o cidadão comum só vai mudar com uma reforma tributária que troque a matriz regressiva dos tributos", argumenta. (Com Agência Estado)