Segundo analistas, investidores estão empolgados pelo viés de privatização de estatais do governo federal e que se estende para alguns dos principais Estados do País
Segundo analistas, investidores estão empolgados pelo viés de privatização de estatais do governo federal e que se estende para alguns dos principais Estados do País | Foto: Alf Riberio/Shutterstock.com



As ações da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) atingiram o maior patamar nominal na última segunda-feira (14), com R$ 72,00 para a SAPR11, e quebrou novamente o recorde na terça-feira (15), quando bateu os R$ 72,99, conforme levantamento na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Em nota, o governo estadual aponta que a valorização que passou dos 20% desde o primeiro pregão do ano, no dia 2, deve-se à aceitação do mercado aos nomes confirmados na diretoria da companhia de saneamento paranaense. Porém, analistas dizem que se trata de uma tendência mais ampla e contínua, com investidores empolgados pelo viés de privatização de estatais do governo federal e que se estende para alguns dos principais Estados do País, mesmo para empresas que não aparecem entre as favoritas nas apostas para serem negociadas.

Outro ponto destacado por consultores financeiros ouvidos pela FOLHA é que os papéis SAPR11, cujo valor é a soma de uma parcela de ações ordinárias e outra de preferenciais, foram lançados no mercado há 18 meses. Ainda, destacam que os valores são nominais e que, se corrigidos pela inflação, seriam menores do que recordes anteriores.

Mesmo assim, o movimento de valorização das estatais na Bolsa é evidente e inclui, no Paraná, a Copel. "As ações da Sanepar haviam caído muito, passaram dois anos em queda. Estão se recuperando até porque estavam baratas e porque o cenário político estava muito incerto", diz o consultor financeiro Raphael Cordeiro, da Inva Capital, em Curitiba.

Sócio do escritório credenciado da XP da Bravus Investimentos, Gabriel Vansolini considera as seguidas altas mais como um viés de mercado, pelas declarações da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro. "Vi o mesmo em várias estatais, porque o mercado está animado com as perspectivas de privatizações, que têm potencial para tornar a empresa mais eficiente e dar mais lucro", diz.

As características de empresas como a Sanepar de monopolizarem o atendimento ao público de determinada região também contribui. "São empresas com mercado cativo, porque você não pode ter duas torneiras na sua casa, uma de cada empresa, então são bem vistas nesse momento" cita Vansolini.

Sobre a nova diretoria, a concepção é de que a formalização dos diretores, com o advogado Cláudio Stabile como presidente, não vai interferir no trabalho técnico que os funcionários de carreira já fazem. A Copel segue a mesma linha, ainda que a percepção é que ambas surfem na onda otimista pelas notícias de interesse na privatização da Eletrobras pelo governo federal, da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pelo paulista e da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), entre outras.

Relatório dos primeiros dias do ano do banco Morgan Stanley para clientes projetou uma possibilidade de valorização das ações dessas companhias. Para a ação da Sabesp (SBSP3), o preço-alvo bate em R$ 61, o que beira os 65% de valorização em relação à cotação de R$ 34 em 2 de janeiro.

Mas a tendência vem de antes. Cordeiro diz que indicou em agosto passado aos clientes a compra das ações da Copel. "Estavam baratas (Copel) e as da Sanepar, também, mas não acreditava que se valorizariam tanto e tão rapidamente. Havia uma ausência de expectativas que mudou com as perspectivas de negócios e de reforma da Previdência", afirma o consultor da Inva.

FECHAMENTO
No pregão de terça-feira (15) da Bovespa, os papéis da Sanepar (SAPR11) avançaram 1,37%, aos R$ 72,99, e os da Copel (CPLE6) recuaram 2,28%, aos R$ 33,42. As ações da estatal de saneamento SAPR4, que têm maior liquidez e mais tempo de mercado, tiveram alta de 1,82%, aos R$ 13,44.