BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - A saída antecipada em um ano do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo, anunciada na tarde desta quinta-feira (14), deve elevar a pressão pela escolha de uma mulher para o cargo.

"Na última rodada, já havia uma forte consideração pela eleição de uma mulher. Não é a única característica relevante, mas acredito que será vista como uma característica desejável", diz o analista-sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional (PIIE) Jeffrey Schott.

Crescente nos últimos anos, o movimento por mais igualdade de gênero na organização ganhou tração com o programa implantado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que garantiu diversidade em seu grupo de gerência e prometeu paridade de gênero em todos os cargos de alta direção da ONU ao final de seu mandato.

"Em momentos como o atual, de polarização e conflitos, os melhores líderes são os capazes da agregar pessoas, de ouvi-las e fazê-las trabalhar juntas. Não é preciso ser necessariamente forte, mas ter as qualidades certas", diz a canadense Debra Steger, primeira diretora do Conselho de Apelação da OMC.

Segundo Steger, que é professora de direito da Universidade de Ottawa, pesquisas indicam que esse estilo de liderança é mais comum em mulheres. "Esta é a hora de os membros serem ousados e escolherem um diretor capaz de conciliar e unir, para solucionar problemas", diz ela.

Segundo ela, as estatísticas de participação feminina nas instâncias de decisão da organização "são piores que as estatísticas nacionais para juízes, diretores corporativos ou membros da legislatura e árbitros internacionais em outros campos".

A OMC nunca teve uma mulher como diretora e, atualmente, tem apenas homens entre seus quatro diretores-adjuntos.

Economistas e especialistas em comércio exterior que acompanham de perto o órgão dizem que não faltam candidatas ultra-qualificadas. Conheça seis delas:

Anabel González, diretora sênior da Prática Global de Comércio e Competitividade do Banco Mundial e ex-ministra do Comércio da Costa Rica;

Mari Elka Pangestu, diretora administrativa do Banco Mundial e ex-ministra do Comércio da Indonésia;

Amina Chawahir Mohamed, ex-presidente do Conselho Geral da OMC e atual secretária de Esportes e Cultura do Quênia;

Arancha González Laya, ministra das Relações Exteriores da Espanha e ex diretora-executiva do International Trade Center (agência conjunta da ONU e da OMC);

Chrystia Freeland, primeira-ministra-adjunta e ministra de Assuntos Intergovernamentais do Canadá;

Cecilia Malmström, comissária de Comércio da União Europeia.