RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - A SRB (Sociedade Rural Brasileira) encaminhou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a ministros de seu governo e a governadores com uma série de medidas que, na avaliação dos ruralistas, devem ser tomadas para evitar que o país enfrente desabastecimento durante a pandemia do novo coronavírus.

Assinada pela presidente da entidade, Teresa Vendramini, a carta pede que as autoridades priorizem manter em funcionamento a estrutura logística de rodovias e ferrovias, "permitindo a livre circulação de insumos, produtos agrícolas e trabalhadores rurais".

O receio da associação, de acordo com seu vice-presidente, Pedro de Camargo Neto, é que bloqueios em rodovias prejudiquem o transporte e, consequentemente, o abastecimento de todo o país em meio à pandemia.

"A logística é a nossa principal preocupação. Já tivemos interrupções, há cidades que estão parando estrada, barreiras estaduais. Tudo cria tumulto, precisamos acalmar. O risco existe, mas tem de acalmar, resolver pontualmente", afirmou

De acordo com ele, a carta teve o objetivo de servir como um alerta ao governo, para que não deixe paralisações pontuais em estradas crescerem. "Felizmente os incidentes que ocorreram têm sido eliminados", afirmou.

A avaliação do vice-presidente é a de que o país enfrenta atualmente dois grandes problemas, com possibilidade de um terceiro, que podem atrapalhar o escoamento da produção rural.

A safra está aí, a produção está aí. Não é só transporte, é acesso, é porto, é cidade que fechou. Governadores saíram com medidas, prefeitos querem fazer cada um do seu jeito e isso é um tumulto.

Enfrentamos, além da logística, a questão trabalhista. Todos ficaram com medo, é natural, é momento de medo mesmo, mas é preciso transmitir confiança nesse medo, para poder enfrentar. Temos de trabalhar, fluir, não só o abastecimento como a exportação." O terceiro ponto, conforme ele, que pode chegar, é a questão financeira, ligada ao crédito.

Embora pregue a possibilidade de desabastecimento no documento, Camargo Neto afirmou que, pelo cenário de hoje, não acredita que isso vá acontecer. "Os poucos incidentes que surgiram têm sido resolvidos. Acho que temos de ter consciência desse risco, mas não acho que vá ocorrer", disse.

Abaixo, a íntegra da carta:

"A Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade que há um século representa produtores rurais de todo Brasil, está empenhada em aconselhar e empreender ações para que os efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tenham o menor impacto possível na produção e na sociedade do nosso país.

Por isso, por meio desta carta, sugerimos medidas a fim de evitar o desabastecimento nas cidades e garantir a segurança alimentar de todos os brasileiros.

A SRB solicita que as autoridades priorizem a manutenção do funcionamento da estrutura logística de rodovias e ferrovias, permitindo a livre circulação de insumos, produtos agrícolas e trabalhadores rurais.

A SRB destaca que o Brasil é o segundo maior exportador mundial de alimentos em volume. Por isso, ressaltamos, estamos diante de um nobre e poderoso compromisso de sinalizar ao mundo a capacidade do agro brasileiro de assegurar alimentos e recursos para que nossos importadores parceiros também enfrentem a crise da melhor forma possível, garantindo a segurança alimentar mundial.

Por fim, em nome dos produtores rurais, a SRB transmite mensagem de otimismo aos senhores prefeitos, governadores, lideranças empresariais da agroindústria e da indústria de todo Brasil: a continuação de fornecimento de insumos e matérias-primas necessários às atividades agropecuárias, como maquinários e equipamentos e insumos para o cultivo, são fundamentais para a segurança alimentar mundial. A demanda para produzir ainda é grande e a agricultura brasileira cumprirá o seu papel de, uma vez mais, conduzir o país nesse momento tão desafiador.

Agradecemos sua consideração.

Teresa Vendramini

Presidente"