Imagem ilustrativa da imagem Rentabilidade dos grandes fundos deixa a desejar
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Os 30 maiores fundos de investimento em renda fixa do País tiveram rentabilidade média de apenas 95% da taxa DI no ano passado, ou 6,08%. Também conhecida como CDI (Certificado de Depósito Interbancário), a taxa fechou em 6,41% em 2018. Os dados foram levantados pela fintech Mais Retorno, que considerou o número de acionistas para definir os fundos a serem analisados. Todos são administrados por grandes bancos do País, com patrimônio líquido maior que R$ 10 milhões cada.

O sócio-fundador da fintech, Felipe Medeiros, considera pequena a rentabilidade obtida. Ele diz que, neste tipo de investimento, o mínimo que se espera é um retorno de 100% da DI. E garante que, fora dos grandes bancos, é possível encontrar fundos que renderam mais de 130% da taxa no ano passado, ou seja mais de 8%. "Não é nem porque o banco não tem produtos bons, mas porque cobra muito caro por eles", alega.

Medeiros também afirma que os bancos segmentam os clientes e oferecem os melhores investimentos para os "privates" (clientes milionários). "Nas corretoras independentes, isso não acontece. Muitas vezes o pequeno investidor, que tem R$ 100 ou R$ 1.000, investe no mesmo fundo que os milionários", sustenta.

De acordo com a Mais Retorno, os fundos de renda fixa que obtiveram melhores resultados foram os que investiram em títulos de dívida de empresas privadas e não apenas em títulos de governo ou CDBs básicos.

Gabriel Vansolini Soldado, sócio e assessor de investimentos da Bravus (escritório credenciado da XP Investimentos), de Londrina, também considera que rentabilidade de 100% da taxa DI é o mínimo que um fundo deve oferecer. "Muita gente deixou de ganhar dinheiro comprando fundos nos bancos", defende. "Os fundos de casas independentes rendem bem mais. Essa é uma tendência que se vê nos mercados lá fora", complementa.

Soldado ressalta que o investidor também precisa ficar de olho nas taxas de administração. "Existem fundos com taxa de 0,3% (ao ano) e outros de até 3,9%, ou seja 10 vezes mais", alega.

O representante da fintech concorda. Há muita variação nas taxas cobradas. Para fundos de renda fixa, na opinião dele, até 0,5% ao ano é aceitável (isso com a taxa Selic no valor atual de 6,5%). "Acima disso, dificilmente esse fundo conseguirá apresentar desempenho satisfatório, dado que a taxa de administração vai consumir o resultado do fundo", explica

MULTIMERCADOS

Os fundos multimercados, categoria que mais atraiu captação em 2018, também se destacaram quando comparados com os de renda fixa. No ranking elaborado pela Mais Retorno, a rentabilidade dos dez melhores fundos multimercados variou de 21,75% a 41,45%. Já os dez melhores fundos de ações apresentaram rentabilidade entre 30,1% e 62,5% no ano passado.

Sobre as perspectivas atuais para investimento na bolsa, ele diz ser preciso tomar cuidado. "O cenário atual tem deixado bastante gente animada, otimista e ansiosa, mas ainda depende de muita coisa pra confirmar todo esse otimismo. Se não sair a reforma da previdência logo, por exemplo, tudo pode ir por água abaixo", declara.

Em qualquer circunstância, diz Medeiros, é melhor evitar adivinhar o cenário. "O ideal é ter uma carteira diversificada e investir a longo prazo, de forma que o investidor passe por todos os ciclos (de crise e prosperidade) sempre fazendo novos aportes e acumulando um patrimônio maior para seus planos futuros", explica.