Brasília - A presidente Dilma Rousseff vai entregar ao final de 2014 uma inflação ainda pior que a registrada no ano passado. É o que prevê o Banco Central. A projeção de IPCA de 2014 passou de 6,1% em março, para 6,4% nesta nova projeção, no cenário de referência, conforme revela o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado ontem pelo Banco Central (BC).
A nova estimativa coloca a inflação deste ano muito próxima do estouro da meta de inflação, que tolera uma taxa de até 6,5%. No ano passado, o IPCA fechou em 5,91%. No primeiro ano do governo Dilma Rousseff, a taxa foi de 6,50%, no segundo, de 5,84%. Ao longo de 2013, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeram, em várias ocasiões, uma inflação menor em 2013 do que em 2012. No entanto, a expectativa das duas autoridades não se confirmou. A queda da inflação este ano também foi uma promessa da presidente Dilma.
A estimativa do IPCA para o final deste ano está muito distante do centro da meta de inflação estabelecida pelo próprio governo, de 4,5%. Para o IPCA acumulado em 12 meses no primeiro ano do próximo governo, em 2015, o BC também elevou sua projeção, de 5,5% para 5,7%. Para o primeiro trimestre de 2016, o BC manteve uma estimativa de inflação de 5,4%. Para o segundo trimestre de 2016, a projeção da autoridade monetária no cenário de referência é de 5,1%.

Projeção aumentada
A projeção aumentou ante o último relatório. Como a própria autoridade monetária admite no documento, a inflação encerrará o ano acima do centro da meta de 4,5% não só no cenário de mercado como no de referência. Em ambos os casos, a projeção fica apenas 0,1 ponto porcentual abaixo do teto da meta de 6,5%.
O BC detalhou que a projeção da inflação acumulada em 12 meses parte de 6,4% no quarto trimestre de 2014, recua para 6,0% no fim de 2015, fica a 5,5% no primeiro trimestre de 2016 e chega a 5,0% no segundo trimestre de 2016.
No relatório anterior, divulgado em março, a projeção do BC para inflação no cenário de mercado era de 6,2% ao fim de 2014. Segundo essa previsão, a inflação recuaria para 5,5% no fim de 2015 e no primeiro trimestre de 2016 chegaria a 5,2%.

Indústria
Em meio a expectativas por medidas de estímulo à atividade industrial, o BC rebaixou severamente sua projeção para o crescimento do PIB da indústria em 2014 de acordo com RTI. Para a autoridade monetária, o produto da indústria brasileira deve ter uma retração de 0,4% em 2014, ante uma projeção anterior de crescimento de 1,5%. Em 12 meses até o primeiro trimestre de 2015, a indústria deve crescer apenas 0,1%.
O documento divulgado ontem trouxe previsões mais pessimistas para todos os setores da economia em 2014. Para o BC, o setor agropecuário vai crescer 2,8% em 2014, ante 3,5% na estimativa anterior. O setor de serviços, de acordo com o relatório, deve ter uma expansão de 2%. No documento de março, o BC contava com uma alta de 2,2% para esse setor.
Apesar das medidas de estímulo aos investimentos lançadas durante todo o governo Dilma Rousseff, o Banco Central também acusou um recuo significativo das expectativas para a evolução da capacidade produtiva no País. Para o BC, formação bruta de capital fixo deve recuar 2,4% em 2014, ante uma projeção anterior de crescimento de 1%. Já a estimativa de crescimento do consumo das famílias foi mantida em 2%, bem como a previsão de aumento de 2,1% do consumo do governo.

Imagem ilustrativa da imagem Relatório do BC prevê alta do IPCA 2014 para 6,4%