A Região Metropolitana de Londrina andou na contramão do cenário nacional e fechou o mês de novembro com saldo positivo na geração de emprego com carteira assinada, de acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta quarta-feira (27). O Brasil perdeu 12.292 vagas, uma variação negativa de 0,03% em relação ao estoque do mês anterior.
As cinco principais cidades da RML apresentaram um saldo de 101 postos de trabalho, puxados principalmente pelo desempenho de Rolândia. O município abriu 96 postos no mês passado, e acumula 1.009 empregos formais de janeiro até novembro.
Londrina voltou a ficar com desempenho negativo. Fechou o mês passado com a redução de 70 vagas e acumula uma queda de 0,31%, com o fechamento de 481 vagas no ano. Em 12 meses, a cidade perdeu 1,47% dos postos de trabalho, enquanto Rolândia cresceu 4,17%.
O economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), e colunista da FOLHA, afirma que as empresas de alumínio, confecção e moveleiras, base da indústria de Rolândia, estão reagindo à crise de maneira mais significativa. "A indústria moveleira tem uma produção maior no fim do ano com as vendas de móveis. Enquanto a eletrometalmecânica mostra uma diminuição nas contratações e aumento dos desligamentos porque a movimentação é menor em dezembro e janeiro", explicou.
O reflexo desse movimento do setor metalmecânico também foi sentido em Ibiporã, que perdeu 53 postos de trabalho. Mesmo com o estoque negativo de novembro, a vizinha de Londrina apresenta um balanço positivo no ano (4,32%).

Imagem ilustrativa da imagem Região de Londrina tem saldo positivo de empregos



ESTABILIDADE
Em Londrina, o setor de serviços continua patinando e foi responsável pela perda de 193 postos de trabalho com carteira assinada, sendo que o comércio foi o setor que ajudou para os números não serem tão negativos com o incremento de 245 novos empregos.
A indústria em Londrina, que vinha apresentando seguidos saldos positivos, no mês de novembro cortou 40 postos de trabalho, mas, no ano, o resultado ainda é positivo - saldo de 436 empregos gerados. A construção civil continua a fechar vagas, com saldo negativo de 77 no mês e perda de 479 empregos ao longo do ano.
O secretário de Trabalho, Emprego e Renda de Londrina, Elzo Carreri, afirma que, apesar do saldo negativo, a cidade vive uma relativa estabilidade. "Não teve uma demissão em massa, nem grandes oscilações. Na verdade houve uma estabilidade", disse. Segundo ele, os dados refletem que o empresariado ainda não assimilou a nova lei trabalhista, principalmente em relação ao trabalho intermitente.
Novembro foi o primeiro mês de vigência das novas regras. "Ainda há muita dúvida sobre a legislação, então o empresariado tirou o pé das contratações. Precisamos aguardar mais um pouco para ver como será o comportamento dos trabalhadores e do empresariado", comentou Carreri.
Na avaliação dele, o trabalho na região metropolitana é muito pulverizado e, pela característica prestadora de serviço de Londrina, o município demora um pouco mais para sentir os reflexos da retomada da economia. "A realidade é que Londrina ainda não experimentou essa retomada. A perspectiva para 2018 é grande com investimentos na construção civil e área de tecnologia", enfatizou.

PARANÁ
O Estado encerra novembro com saldo positivo de 1.433 empregos. O comércio (3.198) e a indústria de transformação (243) puxaram a alta. A construção civil foi o setor que mais fechou vagas em novembro (-1.770). O Paraná ocupa a 7ª posição no ranking dos Estados em geração de emprego entre julho e novembro deste ano. "Percebemos em novembro um compasso de espera diante da nova lei trabalhista. As empresas estão cautelosas. Mas o resultado do Paraná mostra que estamos na direção contrária do Brasil. A economia paranaense vem em um processo de recuperação mais rigoroso", afirmou Júlio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social). De janeiro a setembro, a economia do Estado cresceu 2,1%, enquanto o crescimento da nacional foi de 0,6%.
O Brasil registrou 1.111.798 admissões contra 1.124.096 demissões no mês passado. O saldo negativo de 12.292 vagas, na avaliação do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, "não significa uma interrupção do processo de retomada do crescimento econômico do País". De janeiro a novembro foram criados 299.635 novos postos de trabalho. "A economia está crescendo de forma gradual. A melhor forma de distribuição de renda é o emprego. Estamos otimistas. O Brasil vai dar certo", afirma Ronaldo Nogueira.
No comparativo com os dois anos anteriores, o saldo negativo de 12.292 postos de empregos formais em novembro é menor. Em novembro de 2015 e em novembro de 2016 foram registrados, respectivamente, saldos de -130.629 e -116.747.