Qual é o segredo das organizações que se mantêm sólidas durante décadas num país onde o índice de mortalilade de empresas é altíssimo? Como manter a competitividade nos cenários mais favoráveis e nos momentos adversos? A FOLHA conversou com três das maiores empresas da cidade para saber como elas superaram esses desafios.
Ser conservador nas finanças, mas arrojado nos projetos de expansão é a receita para a longevidade, segundo o diretor da Plaenge, Alexandre Fabian. A empresa ocupa a 472 posição entre as mil maiores do País de acordo com o Valor 1000, ranking do jornal Valor Econômico. E foi considerada a primeira da Região Sul no segmento da construção civil, no mesmo levantamento.
''Uma empresa tem de controlar suas contas de forma conservadora, mas não pode nunca ter medo de testar o novo'', aconselha Fabian. Fundada há 41 anos, a construtora não hesitou, segundo ele, na hora de dar passos largos, como no início dos anos 80, quando levou o negócio para Cuiabá. ''Isso foi num período sem fax, sem internet. Demoramos quatro anos para conseguir o aparelho de telex'', recorda.
Em 2006, o grupo tomou outra decisão arrojada ao criar uma empresa específica para atender ao público do primeiro imóvel: a Vanguard Home. Após os diretores visitarem Chile, Espanha e México, concluíram que o mercado imobiliário brasileiro iria passar por um processo parecido com o daqueles países recém-estabilizados economicamente.
''O grupo se preparou para crescer nesse segmento e hoje a Vanguard responde por 40% do nosso faturamento'', explica o diretor. Em 2009, apesar da crise global que havia sido deflagrada um ano antes, a empresa resolveu dar um passo maior, levando os negócios pela primeira vez para além das fronteiras brasileiras. O país escolhido foi o Chile.
Atualmente, a empresa emprega 150 pessoas no Chile em obras de construção de apartamentos. ''Tem sido um aprendizado muito importante para nós. O Chile é muito diferente do Brasil pois tem sistemas financeiro e imobiliário mais aprimorados'', explica. Além disso, o clima e os terremotos exigem técnica construtiva específica. ''Lá, usa-se muito madeira para se erguer paredes'', exemplifica.
Classificada em 324 no ranking Valor 1000, a Cooperativa Integrada tem uma receita diferente para se manter sólida nos seus 16 anos de vida. ''É fundamental ter um planejamento estratégico de longo e médio prazos. Não se pode mudar de atitude a toda hora'', afirma o superitendente, Jorge Hashimoto.
Porém, nem tudo é previsível no setor em que a cooperativa atua. No ano passado, por exemplo, apesar do crescimento da venda em volume, houve uma redução de faturamento devido à queda dos preços das commodities. ''É preciso ter muito foco no negócio para não dar um passo maior que a perna'', declara.
Além da instabilidade da economia global, a Integrada tem de lidar com outra situação estressante: o desequilíbrio do câmbio. ''Não sabemos se o dólar vai estar a R$ 1,60 ou R$ 1,90 amanhã'', explica.
Com cenário tão imprevisível, austeridade financeira é fundamental, afirma Hashimoto. ''Temos de acompanhar a evolução das receitas o tempo todo, fazendo os ajustes de acordo com os diferentes cenários'', ressalta. Outro fator preponderante, de acordo com o superintendente, é a credibilidade. ''Cumprimos rigorosamente todos os compromissos assumidos com os parceiros'', salienta.
Segundo ele, a ''linha de trabalho da cooperativa é não assumir riscos''. ''Não vendemos além do que os nossos cooperados nos entregam. E negociamos com os fornecedores de insumo de acordo com os pedidos dos cooperados'', explica.

Imagem ilustrativa da imagem Receitas para manter a solidez do negócio