A receita bruta do setor de serviços aumentou 8,8% em outubro sobre o mesmo mês de 2012, puxada principalmente pelo consumo familiar e de transportes. Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi mantida a tendência de reação no setor nos últimos meses, principalmente pela expansão da renda do trabalhador.
A atividade acumula alta de 8,5% tanto desde janeiro quanto em 12 meses. O sócio diretor da GO Associados, Fábio Silveira, afirma que a receita de serviços, descontada a inflação, cresceu entre 2% e 2,5%, próximo ao esperado para a economia do País no ano. Porém, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima alta real em 12 meses de 0,1%, diante da inflação no setor de 8,7% no período. "O faturamento nominal chama a atenção, mas o crescimento real é baixo, porque a inflação do período foi muito alta", diz o economista Fábio Bentes, da CNC.
Os serviços prestados às famílias avançaram 12,6% sobre outubro de 2012, a maior variação entre os subitens da pesquisa. Na sequência aparecem transportes, com 9,9%, e outros serviços, com 9,7%. Atividades de informação e comunicação tiveram alta de 7,9% e profissionais administrativos e complementares, de 7,2%.
Diretor da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Ary Sudan considera o resultado melhor do que o sentido no ano passado, mas ainda aquém do necessário para um crescimento sustentável. Ele credita o índice da PMS basicamente à demanda de famílias. "Como estamos distribuindo mais renda, camadas menos favorecidas têm acesso maior ao consumo, com maior demanda tanto por produtos quanto por serviços."
Para a professora de economia Katy Maia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o fato de os índices de emprego e de renda ainda avançarem, ainda que menos neste ano do que no ano anterior, ajuda. "São serviços de alimentação, de reparos, várias coisas que as pessoas passaram a usar mais", diz. Ela lembra que o consumo de refeições prontas tem aumentado constantemente, tanto que alimentação e alojamento cresceu 11,5% em outubro.
Conforme Katy, a esperança era de que a atividade alavancasse o crescimento do PIB, já que a indústria avança a passos tímidos. "O setor não precisa de tanto investimento em máquinas e equipamentos como a indústria, mas o resultado foi fraco", afirma. Sudan lembra que o desenvolvimento industrial elevaria também a demanda por atividades profissionais e técnicos, principalmente na área de tecnologia de informação.

No Paraná
O crescimento do setor foi de 5,1% no Estado em outubro, menor do que no País. O Paraná teve índices inferiores aos nacionais nos últimos três meses (veja no quadro ao lado) e em quase todos os subitens, com exceção de profissionais administrativos e complementares. Para a professora de economia da UEL, seria errado comparar o desempenho local com o do País diante das diferenças regionais. No entanto, Katy diz que a vocação paranaense ainda é pelo agronegócio e que, com uma política para a industrialização mais sólida, o resultado poderia ser melhor.

Metodologia
A PMS começou a ser divulgada em agosto, com recolhimento de dados desde janeiro de 2012. Ainda não há dados com ajuste sazonal, que é em relação ao mês imediatamente anterior, porque o IBGE precisa de uma série histórica de quatro anos para fazer a comparação. O órgão anunciou que o indicador será inserido na nova metodologia de cálculo do PIB.
Educação, saúde e serviços financeiros estão fora da pesquisa, mas as atividades investigadas respondem por mais de um terço do valor adicionado bruto gerado pela economia brasileira, segundo a CNC. Se reunidos todos os segmentos do setor, a atividade é responsável por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Imagem ilustrativa da imagem Receita de serviços tem alta de 8,8% em outubro