Apesar da valorização da moeda brasileira, a recomendação é não se precipitar nesse momento da pandemia de Covid-19, uma vez que a cotação pode ser muito volátil
Apesar da valorização da moeda brasileira, a recomendação é não se precipitar nesse momento da pandemia de Covid-19, uma vez que a cotação pode ser muito volátil | Foto: iStock

A recente queda do dólar para menos de R$ 5 barreira que havia sustentado por mais de um ano, tem levado brasileiros a se perguntarem se este não seria um momento favorável para investir na compra da moeda estadunidense. Segundo o professor de Direito Econômico, Estratégia Empresarial, Inovação e Gestão de Riscos da UniCuritiba (Centro Universitário Curitiba) Sérgio Itamar, porém, o momento ainda pede cautela. “A compra da moeda americana ainda deve se manter em 2021 apenas em caso de necessidade”, alerta o professor e especialista em Gestão Empresarial.

A máxima do ano até o momento foi de R$ 5,79, em 9 de março. Já em junho, o real é a segunda moeda no mundo que mais se valoriza ante o dólar, atrás apenas da rúpia de Seicheles, segundo dados da Bloomberg (empresa global de informações e notícias financeiras com sede em Nova York).

Apesar da valorização da moeda brasileira, a recomendação de Itamar é não se precipitar nesse momento da pandemia de Covid-19, uma vez que a cotação pode ser muito volátil. “É melhor deixar para comprar dólar se houver motivos específicos, como obrigações de trabalho/viagem, por exemplo”, sugere o professor. “Caso contrário, o investidor deve se manter em opções mais atrativas neste momento, principalmente se for pouco experiente em investimentos”, aconselha.

O especialista afirma que as projeções feitas por profissionais do mercado financeiro apontam para poucas variações para o próximo semestre. “Há realmente a percepção de que a situação deva se manter com pequenas oscilações no decorrer de 2021. Entretanto, este cenário ainda não torna o ambiente confortável para o real”, indica.

Itamar explica que isso ocorre porque o contexto geral não inspira uma segurança para quem pensa em investir no dólar. “As perspectivas que somam as questões políticas, econômicas, saúde pública e reforma tributária trazem mais incertezas quanto ao comportamento do mercado”, demonstra.

Segundo ata da reunião de política monetária do BC (Banco Central do Brasil), realizada entre os dias 15 e 16 de junho e publicada no último dia 22, a queda no valor do dólar é resultado, em parte, de um ciclo de alta de juros e de uma postura do Banco Central de combater a inflação. O documento versa que o BC considerou elevar ainda mais a taxa básica de juros, mas decidiu manter o ritmo e anunciou alta de 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano.

A ata também indicou que o BC deve levar a taxa básica até o nível considerado neutro, que não estimula nem contrai a economia. Nas reuniões passadas, a avaliação era que a atividade ainda precisava de estímulo e que esse ajuste seria parcial, ou seja, abaixo da taxa neutra. Atualmente, a taxa de juros neutra gira em torno de 6,5%.

Juros mais altos no Brasil tendem a beneficiar o real por estratégias de carry trade, que consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo (como o dólar) e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.

O professor Sérgio Itamar prevê que essa situação de pouca alteração na cotação do dólar deve se manter até os meses que antecederem as eleições de 2022. “Antes das próximas eleições, é previsto que movimentos quanto à valorização do real podem se tornar mais expressivos”, calcula o especialista.

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